Fitoterápicos na dislipidemia

Já é amplamente conhecido, os prejuízos que a dislipidemia ou hiperlipidemia pode desenvolver no organismo. Ela aumenta a chance de obstrução das artérias, o que dá origem a  aterosclerose, aumentando as chances de, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou bem como outras desordens circulatórias.

Importância de redução da aterosclerose

Mudanças em fatores como adequação da dieta alimentar, a prática de exercícios físicos e o uso de medicamentos hipolipemiantes, como também a suplementação com fitoterápicos e nutracêuticos pode auxiliar na prevenção de complicações, com redução da inflamação e do estresse oxidativo.

O uso de fitoterápicos tem efeitos benéficos na redução da progressão da aterosclerose e na minimização de danos ao tecido vascular e cardíaco devido a ação de compostos fitoquímicos, como por exemplo, os polifenóis, os flavonoides, os ácidos fenólicos e as lignina.

Importância do HDL na proteção contra DCV

Em suma, o HDL confere proteção contra a aterosclerose através do processo de transporte reverso de colesterol, pelo qual o excesso de colesterol intracelular é transportado para o fígado para a síntese de ácidos biliares.

Capacidade antioxidante da HDL

Em síntese, o estresse oxidativo excessivo (OxS) e/ou inflamação podem transformar as partículas normais circulantes de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de lipoproteína de alta densidade (HDL) em LDL oxidado (oxLDL) e HDL oxidado (oxHDL).

Com efeito, o LDL e o HDL modificados podem permanecer por mais tempo na corrente sanguínea devido à interação prejudicada com seus receptores específicos. Todo esse processo de oxidação e interação com receptores específicos contribuem para o aparecimento da aterosclerose.

Feldman et al., 2021

Figura 1- Propriedades do HDL e a oxidação lipídica

impactos da dislipidemia

Feldman et al., 2021

Na dislipidemia primária ou secundária, os níveis elevados de LDL piora o quadro de aterosclerose, especialmente após a transferência de lipídios oxidados de oxLDL) para oxHDL via proteína de transferência de colesterol-éster (CETP).

Além disso, promove proteção antioxidante e anti-inflamatória, e dessa forma impede a peroxidação lipídica acentuada.

Fitoterápicos na terapêutica da dislipidemia

Os nutracêuticos e os fitoterápicos podem ser uma alternativa natural, uma vez que, podem atuar por diferentes mecanismos no metabolismo lipídico, reduzindo a absorção e também sobre marcadores cardiovasculares, beneficiando na manutenção da terapêutica da dislipidemia, vindo a ser um substituto ou exercer efeito sinérgico junto à terapêutica convencional.

Psyllium plantago

Possui em sua composição diferentes tipos de carboidratos, hemicelulose, xilose, arabinose, ramnose e ácido galacturônico. Mostrou ação estimuladora da excreção fecal de ácidos biliares e também significativa redução das concentrações de colesterol total e LDL-c. 

As fibras solúveis são consideradas componentes funcionais e efetivos tanto em uso isolado quanto associado ao tratamento convencional, mostrando ser efetiva na diminuição da hipercolesterolemia. 

Glucomannan

É um tipo de fibra, sua ação hipolipemiante está ligada está associada a ácidos biliares, mas também inibe o transporte ativo de colesterol no jejuno e a absorção de ácidos biliares no íleo, melhorando níveis plasmáticos de LDL-c apolipoproteína B. A associação de quitosana ao glucomannan promoveu efeito sinérgico na inibição da absorção de colesterol.   

Gamma oryzamol contra a dislipidemia

Entre seus muitos componentes estão ácidos graxos insaturados, álcoois triterpênicos, fitosteróis, tocotrienóis e alfa tocoferol, suas propriedades terapêuticas estão envolvidas na hipercolesterolemia e com o efeito antioxidante, reduzindo a atividade de radicais livres. Tem demonstrado efeito benéfico na diminuição da concentração plasmática de lipídios, reduzindo as concentrações de colesterol total e TG e atua no aumento de HDL. Consegue também atuar sobre a inflamação e sobre o status oxidativo.

Extrato de alho

É um potente agente hipolipemiante, redutor da síntese de colesterol, atua através da supressão da atividade lipogênica e colesterogênica de enzimas hepáticas e auxilia na excreção de colesterol, melhorando a excreção de esteróides ácidos e neutros.

Ômega 3

É composto primordialmente por uma fração de eicosapentaenóico (EPA) e outra de docosahexaenóico (DHA). Estes tem demonstrado considerável efetividade na diminuição das concentrações de triacilglicerol. Demonstrando efeito sinérgico nos índices de colesterol e nas frações de colesterol. 

Red yeast rice extract (Monascus purpureus) alto potencial contra a dislipidemia

É um ativo de origem natural, contém o monacolinas, sua atuação se dá por competição com o HMGCoa redutase pelo receptor, assim, consegue reduzir os níveis plasmáticos de colesterol. É considerado uma substância segura para a manutenção adequada das concentrações de LDL-c.  

Berberina na dislipidemia

É um extrato natural, que exerce considerável atuação no metabolismo lipídico, atua na redução da hipercolesterolemia, através da diminuição da atividade do receptor de LDL-c em células do fígado, inibindo a biossíntese de triglicerídeos por meio de bloqueio de enzimas e da ativação de 5 AMP.  

A associação de berberina e red yeast rice consegue favorecer também a melhora da função endotelial em pacientes com dislipidemia. 

Silimarina (Cardus marianum)

Devido a seu alto polifenóis, exerce redução significativa da absorção do colesterol total, e também da fração VLDL, no entanto, sua associação com outras espécies vegetais como red yeast rice extract e berberina, reduz triglicerídeos (TG) beneficia o aumento de HDL após 3 meses de utilização. 

Tocotrienois

Modula mecanismos ligados a cardioproteção, particularmente, exibe atividade hipolipemiante, com capacidade para diminuir a apo lipoproteína aterogênica e lipoproteínas no plasma. A associação de ácido clorogênico, berberina e tocotrienois é uma opção considerável para auxiliar no tratamento da hiperlipidemia e demonstrado diminuição do TC, TG, LDL-c, HDL, HOMA-IR, TGP e acúmulo de lípidios.

Cicero & Colletti, 2016

Em conclusão

Os fitoterápicos exercem atividade não apenas na proteção contra DCV não apenas devido ao seu papel no metabolismo de colesterol, mas também pela sua capacidade de atuar como agente antioxidante, anti-inflamatório, antitrombótico, e na melhora da função endotelial.

Referências

Cicero, A. F. G., & Colletti, A. (2016). Combinations of phytomedicines with different lipid lowering activity for dyslipidemia management: The available clinical data. Phytomedicine, 23(11), 1113-18.

Feldman, F., Koudoufio, M., Desjardins, Y., Spahis, S., Delvin, E., & Levy, E. (2021). Efficacy of Polyphenols in the Management of Dyslipidemia: A Focus on Clinical Studies. Nutrients13(2), 672.

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