Uso de sucralfato no tratamento de úlceras e feridas

Ademais, o sucralfato é um agente citoprotetor que se adere a mucoproteínas e forma uma barreira protetora nos locais das feridas. Primordialmente, sua forma oral é comumente útil para tratar úlcera gástrica, já secundariamente, a preparação tópica tem sido utilizada para tratar uma grande variedade de ferimentos, como ulcerações na pele, dermatite inflamatória, mucosite e feridas de queimaduras.

Sucralfato de uso tópico

Sucralfato na cicatrização de fístula anal

De acordo, com um estudo desenvolvido por Gupta (2011) com a finalidade de avaliar a eficácia e a segurança da aplicação tópica do sucralfato em pacientes com feridas na fístula anal, de pelo menos 5 cm. Ademais, os pacientes foram aleatoriamente designados para receber pomada contendo sucralfato a 7% ou uma pomada placebo constituída de vaselina.

Eles foram instruídos a aplicar cerca de 3 g da pomada na ferida 2 vezes ao dia, após um banho de assento durante 6 semanas ou até que a ferida tenha curado, todavia, as avaliações foram  feitas nas semanas, 2, 4 e 6 após o início do tratamento.

Como resultado

  • Os resultados apontaram que a cobertura da mucosa anal foi significativamente maior ao uso do sucralfato do que ao uso de placebo
  • Além disso, não foram observados efeitos adversos ao fazer a utilização de sucralfato.

Em conclusão

Em síntese, os resultados deste estudo dão suporte à evidência que o sucralfato tópico é uma potencial alternativa na terapêutica da cicatrização de feridas. Além disso, mostra também ser seguro e bem tolerado pelo organismo humano, ao promover a cicatrização da mucosa anal e pacientes  podem se beneficiar com a utilização da aplicação tópica.

Gupta, 2011

Sucralfato m ulcerações venosas

Outra aplicação do sucralfato é no tratamento de úlceras venosas. Estas  são um problema médico importante, devido à sua alta incidência em idosos e a falta de um tratamento eficaz.

De acordo com Tumino e colaboradores (2008) foi avaliada a eficácia, a segurança e a tolerabilidade do sucralfato de aplicação tópica, na cicatrização de úlceras venosas crônicas em membros inferiores de 50 pacientes, através de um estudo duplo-cego, placebo-controlado e randomizado.

Resultados

Os resultados do estudo indicam que a aplicação diária de sucralfato tópico para úlceras não infectadas, durante um período médio de 42 dias, os pacientes tiveram boa resposta ao tratamento (95,6%) dos pacientes comparado a apenas 10,9% no grupo placebo.

Conclusão

Os resultados apontaram melhora principalmente, no grupo de pacientes tratados com sucralfato quanto à inflamação do tecido local, bem como a dor e a ardência, e consequentemente, o tamanho da úlcera. Os achados foram confirmados pela análise morfológica de biópsias obtidas antes e após o tratamento dos pacientes.

Sucrafalto de uso oral

Um estudo foi realizado com 15 pacientes diagnosticados com esofagite corrosiva classificada em graus 2b e 3 foram divididos em dois grupos. Os grupos receberam antibióticos por via parenteral (amplo espectro por 7 dias), omeprazol via parenteral (40mg duas vezes ao dia) e terapia com esteroide e um outro grupo recebeu apenas sucralfato.

Apenas os pacientes do primeiro grupo receberam terapia intensa com sucralfato. O sucralfato foi administrado com o seguinte padrão: 10 mL (2 g) de sucralfato foi administrado a cada 2 horas durante os primeiros 3 dias. Nos 21 dias seguintes, os pacientes receberam 10 mL de sucralfato a cada 2 horas, entre 8 e 12 horas e a cada 4 horas no horário entre 00 e 08 horas.

A terapia oral com sucralfato foi continuada durante mais 45 dias a 10mL, 4 vezes por dia. Os pacientes não relataram quaisquer reações adversas devido a terapia com sucralfato. Os pacientes foram acompanhados por 6-24 meses.

Como resultado

No Grupo 1 apenas um paciente apresentou estenose. No segundo grupo, 6 dos 7 pacientes apresentaram disfagia e esofagite com deglutição de bário, demostrando estenose, dois pacientes apresentaram estenose no esôfago e dois pacientes tiveram estenoses múltiplas.

Conclusão

Ademais, os autores recomendam a terapia intensiva com altas doses de sucralfato, para auxiliar na terapêutica de graus avançados de esofagite e para melhorar a cicatrização da mucosa e evitar a formação de estenose

Gümürdülü, 2010

Benefícios do sucralfato na terapêutica

A saber a utilização do omeprazol e sucralfato pode suprimir com efeito a resposta inflamatória, induzida por caspase-3 e óxido nítrico sintase (NOS-2). Os lipopolissacarídeos da Helicobacter pylori são os principais fatores de virulência associados a graves respostas inflamatórias nas mucosas, e sua influência no processo inflamatório foi avaliado por Slomiany e colaboradores (1999).

O tratamento com omeprazol produziu uma redução de 39,6% de alterações inflamatórias, 75,5% de redução na apoptose das células epiteliais, enquanto que a atividade da caspase-3 diminuiu de 26,8% e a NOS-2 mostraram um declínio de 46,7%. O agente gastroprotetor, sucralfato, provocou uma redução de 62,3% na inflamação e diminuiu a apoptose em 85,8%, e a NOS-2 mostraram uma queda de 68,2%, enquanto que a atividade da caspase-3 diminuiu 39,7%.

Referências bibliográficas

Gupta PJ, et al. Topical sucralfate decreases pain after hemorrhoidectomy and improves healing: a randomized, blinded, controlled study.  Dis Colon Rectum. 2008 Feb;51(2):231-4. Epub 2007 Dec 18.

Grupta PJ, et al. Topical sucralfate treatment of anal fistulotomy wounds: a randomized placebo-controlled trial.  Dis Colon Rectum. 2011 Jun;54(6):699-704. 

Gümürdülü Y, Karakoç E, Kara B, Taşdoğan BE, Parsak CK, Sakman G. The efficiency of sucralfate in corrosive esophagitis: a randomized, prospective study. Turk J Gastroenterol. 2010 Mar;21(1):7-11.

Slomiany BL, et al. Gastric mucosal inflammatory responses to Helicobacter pylori lipopolysaccharide: suppression of caspase-3 and nitric oxide synthase-2 by omeprazole and sucralfate. Inflammopharmacology. 1999; 7(2): 163-77.

Tumino G, et al. Topical treatment of chronic venous ulcers with sucralfate: a placebo controlled randomized study. Int J Mol Med. 2008 Jul;22(1):17-23.

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