Quelina

O vitiligo é uma leucoderma idopática, frequentemente com um curso progressivo que causa destruição de melanócitos. A quelina é um furocromo de ocorrência natural, que quando combinados com radiação ultravioleta artificial (UV) A ou radiação solar (KUVA), estes são relatados para pigmentar a pele com vitiligo tão eficazmente como a fotoquimioterapia com PUVA (Psoralenos e UVA) (CARLIE, et al., 2003).

Possui propriedades fototerapêuticas que são similares à dos psoralenos, mas com efeitos citotóxicos e de mutação no DNA substancialmente menores (DE LEEUW, et al., 2011).

Culturas de melanócitos normais humanos, células de melanoma Mel-1 e fibroblastos foram tratados com Quelina e radiação UVA (KUVA), para avaliação de seu efeito na proliferação celular. Os resultados mostram que a quelina estimulou a proliferação de células de melanoma Mel-1 e fibroblastos com concentrações entre 1mmol/L e 0,5mmol/L com um efeito de pico a 0,01mmol/L de Quelina. Em contraste, a Quelina inibiu a proliferação de fibroblastos ao longo de todas as concentrações testadas (CARLIE, et al., 2003).

Em concentrações acima de 0,5mmol/L, a Quelina mostrou-se citotóxica em ambas as células, melanócitos e fibroblastos. A exposição de células tratadas com Quelina com doses únicas de radiação UVA entre 150 e 280 mJ/cm2 resultou em um efeito proliferativo ressaltado.

A Quelina associada a UVA também estimulou a atividade da enzima melanogênica de células pigmentadas. Com o tratamento mais eficaz em 0,01mmol/L de Quelina e 250 mJ/cm2 de UVA (CARLIE, et al., 2003).

Os ensaios de Western blot, Northern blot e RT-PCR revelaram que estes aumentos de atividade da enzima melanogênica não foram devidas ao aumento na expressão gênica ou a síntese de proteínas. O tratamento com UVA resultou num aumento da glicosilação da enzima e esta relacionado ao aumento da melanogênese. Logo, a Quelina ativada pela UVA estimula a proliferação de melanócitos e a melanogenese (CARLIE, et al., 2003).

Um estudo piloto realizado com 33 pacientes avaliou a efetividade de KUVA (Quelina + UVA) local e PUVA (Psoraleno + UVA) sistêmica na terapia para vitiligo e para comparar, em termos de duração, a repigmentação. Foram observados que a KUVA local requer um período de duração maior de tratamento e altas doses de UVA. A indução da repigmentação com KUVA depende da idade dos pacientes, e foram encontrados bons resultados com indivíduos mais jovens (81,76% de repigmentação – 1,48 x idade em anos).

Não foi observado nenhum efeito adverso no tratamento com KUVA local. Eritema, irritação e distúrbios gastro-intestinais ocorreram em muitos pacientes tratados com PUVA (VALKOVA, et al., 2004).

Os resultados demonstram que a KUVA local pode efetivamente induzir a repigmentação de peles afetadas com vitiligo com a mesma eficácia quando comparado com o uso de PUVA sistêmica, promovendo uma duração do tempo de tratamento longo o suficiente (VALKOVA, et al., 2004).

A encapsulação de Quelina em lipossomas baseados em fosfatidilcolina tem um alto potencial para colocar dentro do folículo capilar o seu conteúdo de moléculas, aumentando a penetração da Quelina em áreas com melanócitos inativos. L-fenilalanina é adicionado à formulação para promover estabilidade, além disso, alguns estudos mostram que a fenilalanina é efetiva, tanto oral quanto tópica, em associação com UVA para o tratamento do vitiligo.

Assim, estudiosos avaliaram a Quelina lipossomada (Quelina 0,005% e L-fenilalanina 0,1%) em combinação com terapia de luz ultravioleta (KPLUV) em 65 pacientes com vitiligo vulgaris e 9 pacientes com vitiligo universalis, a média de tempo de vitiligo entre os pacientes foi de 15 anos (DE LEEUW, et al., 2003).

Após um período médio de tratamento de 12 meses (10–12 meses) 72% dos locais tratados tiveram uma resposta de repigmentação de 50 a 100%. A repigmentação em mais de 50% foi ativada na face em 72%, nas costas em 59%, nos braços em 58% e nas mãos em 65% (DE LEEUW, et al., 2003).

Fonte: De Leeuw, et al., 2003.

Foi avaliada a eficácia da aplicação de Luz excimer monocromática 308nm (MEL), tanto em monoterapia quanto em combinação com pomada de Quelina a 4%, no tratamento do vitiligo. Participaram do estudo 48 pacientes (36 homens e 12 mulhers) e estes forma divididos em 3 grupos: Grupo 1 incluiu 16 pacientes tratados com MEL308nm uma vez na semana e vitamina E oral; Grupo 2 incluiu 16 pacientes tratados com MEL 308nm combinado com Quelina 4% em pomada e vitamina E oral; Grupo 3 (grupo controle) os 16 pacientes foram tratados apenas com vitamina E oral (SARACENO, et al., 2009).

A eficácia foi avaliada no final de 12 semanas baseada na porcentagem de repigmentação. O Grupo 1 apresentou moderada repigmentação em 12,5% dos pacientes, boa repigmentação em 62,5% e excelente repigmentação em 25% dos pacientes. O Grupo 2 apresentou moderadas repigmentação em 12,5% dos pacientes, boa repigmentação em 31,25% e excelente repigmentação em 56,25% dos casos (SARACENO, et al., 2009).

O Grupo 3 (controle) mostrou moderada repigmentação em 18,75%, boa em 6,25%, enquanto 62,5% dos pacientes não apresentaram sinais de repigmentação. A resposta clinica dos grupos 1 e 2 foi alta compara ao grupo controle, sem diferenças significativas entre eles. Mas a associação de MEL 308 com Quelina 4% mostra resultados encorajadores e pode ser considerada uma opção terapêutica válida (SARACENO, et al., 2009).

Referências bibliográficas

Carlie G, Ntusi NB, Hulley PA, Kidson SH. KUVA (khellin plus ultraviolet A) stimulates proliferation and melanogenesis in normal human melanocytes and melanoma cells in vitro. Br J Dermatol. 2003 Oct;149(4):707-17.

De Leeuw J, Van Der Beek n, Maierhofer G. A case study to evaluate the treatment of vitiligo with khellin encapsulated in L-phenylalanin stabilized phosphatidylcholine liposomes in combination with ultraviolet light therapy. Eur J Dermatol 2003; 13: 474–7.

De Leeuw J, Assen IJ, Van Der Beek N, Bjerring P. Treatment of vitiligo with khellin liposomes, ultraviolet light and blister roof transplantation. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2011 Jan;25(1):74-81. doi: 10.1111/j.1468-3083.2010.03701.x.

Saraceno R, Nisticò SP, Capriotti E, Chimenti S. Monochromatic excimer light 308 nm in monotherapy and combined with topical khellin 4% in the treatment of vitiligo: a controlled study. Dermatol Ther. 2009 Jul-Aug;22(4):391-4. doi: 10.1111/j.1529-8019.2009.01252.x.

Valkova S, Trashlieva M, Christova P. Treatment of vitiligo with local khellin and UVA: comparison with systemic PUVA. Clin Exp Dermatol. 2004 Mar;29(2):180-4.

Gostou desse artigo? Compartilhe nas suas redes sociais.