Potencial antioxidante e anti-inflamatório do hidroxitirosol

Potencial antioxidante, anti-inflamatório e efeitos antiaterogênicos do hidroxitirosol.

Potencial antioxidante e anti-inflamatório do Hidroxitirosol, que é um dos antioxidantes mais potentes do azeite. O hidroxitirosol e o tirosol são produtos de degradação da oleuropeína, tanto na fruta da azeitona quanto nas planta inteira. O teor de hidroxitirosol e tirosol derivados dos produtos da azeitona podem ter variação na concentração de hidroxitirosol, sendo as concentrações são mais altas que na azeitona preta.

O hidroxitirosol consegue atuar no organismo humano, devido as suas diferentes propriedades, estando estas relacionadas a seu potencial antioxidante, anti-inflamatória, antiaterogênicos, indução de apoptose, além de atividade antifúgica, efeitos cardioprotetores, anticancerígenos, neuroprotetores e endócrinos.

(GOLDSMITH et al., 2018; KARKOVIĆ et al., 2019)

Atividade anti-inflamatória e antioxidante

A grande variedade de atividades biológicas do hidroxitirosol foi associada à sua forte atividade antioxidante. Atua como eliminador de radicais livres e quelante de metais. A alta eficiência antioxidante do HT é atribuída à presença da fração o- di-hidroxifenil. Atua principalmente como disjuntor da cadeia, doando um átomo de hidrogênio a radicais peroxil.

A atuação do hidroxitirosol nos diversos sistemas está ligado a inibição de citocinas inflamatórias e na prevenção da peroxidação lipídica. A aterosclerose é considerada uma doença inflamatória e o endotélio vascular está envolvido em muitos dos processos relacionados ao desenvolvimento da aterosclerose. Os fatores que influenciam a função endotelial são a presença de espécies reativas de oxigênio (EROs), hipercolesterolemia, lipidemia pós-prandial

(KARKOVIĆ et al., 2019)

Atividade cardioprotetora

A oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) é uma das principais etapas para início da aterosclerose. O hidroxitirosol é muito eficaz na prevenção da peroxidação lipídica e na proteção do LDL derivado da oxidação. Ainda exerce efeito benéfico sobre as lipoproteínas de alta densidade (HDL), e ainda desempenham um papel central no transporte reverso de colesterol, removendo o excesso de colesterol das células periféricas, consequentemente reduz a incidência de eventos coronarianos e está inversamente relacionado ao desenvolvimento de aterosclerose precoce.

Consegue ainda exercer proteção antioxidante sobre a lipoproteina de alta densidade (HDL) e podem impedir modificações oxidativas da apolipoproteína AI (ApoA-I), a principal proteína HDL envolvida na capacidade de efluxo de colesterol e de outras proteínas HDL. Além disso, o hidroxitirosol exerce efeito protetor vascular através da regulação negativa das moléculas de adesão celular vascular envolvidas na aterogênese

A lipemia pós-prandial apresenta um fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose e foi relatado que o HTyr melhora o perfil de lipídios no sangue, devido à sua capacidade de diminuir os níveis séricos de colesterol total (CT), triglicerídeos (TG) e lipoproteina de baixa densidade (LDL).

(KARKOVIĆ et al., 2019)

Hidroxitirosol consegue ter sua atividade cardioprotetora por regulação negativa de proteínas relacionadas à proliferação e migração de células endoteliais e oclusão de vasos sanguíneos na aorta e proteínas relacionadas à insuficiência cardíaca no tecido cardíaco, ainda é possível ter ação no impedimento da agregação plaquetária, fator relacionado a processos trombóticos

(KARKOVIĆ et al., 2019)

Ação anti-inflamatória

O hidroxitirosol é isolado do óleo de oliva extra virgem, possui uma potente atividade antioxidante e excelente ação na eliminação dos radicais livres. Foi examinado a ação anti-inflamatória do HT medindo a indução de óxido nítrico sintase (iNOS), expressão de cicloxigenase-2 (COX-2), formação de TNF-α e liberação de óxido nítrico em células monocíticas humana, induzida.

(ZHANG et al., 2012; KARKOVIĆ et al., 2019)

Os resultados de pesquisas mostram que o HT possui uma marcada supressão da indução de liberação de NO pelo LPS, sendo significativamente atenuado pela transcripção de TNF- α, iNOS e COX-2 dependente da dose. Além disso, foi encontrado que o HT, de maneira dependente da concentração, inibiu a expressão de iNOS e COX-2 de células monocíticas humanas. Em conjunto, estes sugerem que o HT exerce um efeito anti-inflamatório, provavelmente, pela supressão de COX-2 e iNOS

(ZHANG et al., 2012; KARKOVIĆ et al., 2019)

Uma dieta suplementada com hidroxitirosol tem sido associada à baixa incidência de doenças cardiovasculares, devido ao seu potencial antioxidantes e anti-inflamatório.

Um estudo descreveu a ação anti-inflamatória em modelo celular, que foi desenvolvido mimetizando a ocorrência de danos inflamatórios no endotélio. O pré-tratamento das células com hidroxitirosol resultou em uma inibição dose dependente da secreção de CCL2, esta é uma citocina recrutadora de monócitos, linfócitos B e células dendríticas para os locais da inflamação, gerando danos ao tecido.

O efeito do hidroxitirosol na expressão de CCL2 foi feito através dos seus níveis de transcrição, sendo portanto, um potencial para prevenir ou reduzir inflamação no endotélio. A angiogênese inflamatória é a chave para o processo patogênico no câncer e na aterosclerose, e é hermeticamente regulada pela enzima pró-inflamatória ciclooxigenase-2 (COX-2) e degradação de enzimas da matriz metaloproteinases (MMPs).

Culturas de células endoteliais foram pré incubadas com 0,1-50µmol/L de polifenóis antes da estimulação com acetato de miristato de forbol (PMA)

(SCODITTI et al., 2012; KARKOVIĆ et al., 2019)

Todos os polifenóis testados (hidroxitirosol, resveratrol e quercetina) reduziram a proliferação das células. A redução da angiogênese foi associada com a inibição da expressão de COX-2 e produção de prostanoides induzida pelo PMA, bem como a liberação de proteína MMP-9 e atividade gelatinolitica.

(SCODITTI et al., 2012).

Estes resultados foram acompanhados pela redução significativa da estimulação intracelular dos níveis de espécies reativas ao oxigênio e na ativação do fator nuclear de transcrição (NF-kβ) sensível a redução.

Estes dados dão suporte ao potencial papel protetor dos polifenóis nas doenças vascular aterosclerótica e no câncer

Recentes estudos epidemiológicos têm mostrado que o consumo habitual de óleo de oliva extra virgem (rico em hidroxitirosol) é efetivo para a prevenção de diversos tipos de desordens digestivas, como a doença inflamatória intestinal.

Camundongos adultos, com idade de 6 semanas de vida, participaram de um estudo, onde foram divididos para receber 3 tipos diferentes de dieta (SÁNCHEZ-FIDALGO et al., 2012; SCODITTI et al., 2012)

O grupo controle recebeu uma dieta com óleo de oliva extra virgem (OOEV) e outro com dieta com óleo de oliva enriquecido com hidroxitirosol. Após 30 dias de início da dieta, os camundongos foram estimulados a desenvolver colite aguda com progresso a desenvolver inflamação crônica severa

(SÁNCHEZ-FIDALGO et al., 2012).

A dieta com OOEV atenuou significativamente os danos clínicos e sinais histológicos, melhorando os sintomas da doença e tiveram uma redução de 50% de morte causada pela colite. Entretanto, os resultados com o OOEV enriquecido com hidroxitirosol mostrou resultados ainda melhores (SÁNCHEZ-FIDALGO et al., 2012).

Quando analisadas as citocinas, foi evidenciado que os níveis de TNF-α manteve-se próximo aos do grupo controle, e os níveis de IL-10 melhoraram significativamente nos dois grupos com OOEV.

Da mesma forma, houve uma regulação de COX-2 e iNOS, e a ativação de p38 MAPK (proteínas ativadas por citosinas inflamatórias) foi reduzida (SÁNCHEZ-FIDALGO et al., 2012).

Foi observado, também, uma redução muito significativa de iNOS no grupo que recebeu OOEV enriquecido com hidroxitirosol, comparado ao grupo tratado com OOEV isolado. Estes resultados reafirmam a ação anti-inflamatória do hidroxitirosol (SÁNCHEZ-FIDALGO et al., 2012).

Atuação quimioprotetora

Um estudo avaliou a atuação quimioprotetora do hidroxitirosol na proliferação celular e sua capacidade antioxidante e anti-inflamatória em linhagens de hepatócitos humanos. Para tal, o crescimento celular foi avaliado após o tratamento com o HT, e também a atividade antioxidante e os níveis de IL-6 (TUTINO et al., 2012).

Os resultados apontam para um evidente efeito proliferativo mediado pela inibição de enzimas lipogênicas. Além disso, o HT induziu a ativação do sistema celular antioxidante e redução dos níveis de IL-6. Estes resultados mostram que o mecanismo de ação do HT envolve um contexto de inibição da proliferação de células de câncer e prevenção do estresse oxidativo em células do tecido hepático em humanos (TUTINO et al., 2012).

Hidroxitirosol e tirosol são os dois fenóis mais abundantes presentes no óleo virgem de oliva, e estão sendo utilizados para a prevenção de câncer de mama. Um estudo avaliou os efeitos do hidroxitirosol e tirosol em linhas humanas de células de câncer de mama (WARLETA et al., 2011).

Os resultados do trabalham mostraram que o hidroxitirosol age de forma mais eficiente que o tirosol na eliminação de radicais livres, mas ambos não conseguiram afetar a taxa de proliferação celular, perfil do ciclo celular ou apoptose em células do câncer de mama (WARLETA et al., 2011).

Foi percebido ainda que o hidroxitirosol diminuiu os níveis de espécies reativas de oxigênio (ROS) em algumas linhagens de células de câncer de mama. Interessantemente, foi mostrado sua ação na prevenção de danos oxidativos ao DNA de células mamárias (WARLETA et al., 2011).

Em suma, os resultados do estudo apontam para a contribuição do HT na redução da incidência de câncer de mama na população, devido a sua atividade antioxidante e sua proteção contra danos oxidativos ao DNA em células mamárias (WARLETA et al., 2011).

Recentes publicações têm sugerido as propriedades antiproliferativa e pró-apoptótica do hidroxitirosol em células HL60 (células de leucemia promielocítica humana), pode ser mediada pela acumulação de peróxido de hidrogênio (H2O2) no meio de cultura (FABIANI et al., 2012).

Assim, foi avaliado o mecanismo desenvolvido pelo H2O2 na atividade quimioprotetiva do hidroxitirosol em linhagem de células de câncer de mama, próstata e cólon e investigaram o efeito dos componentes do meio de cultura de células e o possível mecanismo de produção de H2O2 (FABIANI et al., 2012).

Foi encontrado que a habilidade de indução de H2O2 pelo hidroxitirosol é completamente impedido pelo piruvato e que a exposição de células a condições que não suportam a acumulação de H2O2 (ou adição de catalase ou piruvato ao meio de cultura) inibiu o efeito anti-proliferativo do hidroxitirosol (FABIANI et al., 2012).

O efeito anti-proliferativo do hidroxitirosol foi avaliado em diferentes tipos de células, sendo inversamente correlacionada com sua habilidade em remover H2O2 do meio de cultura. No que diz respeito ao mecanismo no qual o hidroxitirosol causa o acumulo de H2O2 (FABIANI et al., 2012).

Os resultados apontaram que a superóxido dismutase aumenta a produção de H2O2, enquanto a tirosinase, em pH ligeiramente ácido (6,8) e na ausência de oxigênio (O2) impediu completamente esta atividade. A atividade pro-oxidativa do hidroxitirosol influência profundamente a sua atividade quimioprotetora “in vitro” (FABIANI et al., 2012).

Atividade antifúngica

Um estudo avaliou a atividade antifúngica do hidroxitirosol (HT), e este mostrou um amplo espectro de atividade antifúngica contra leveduras de importância médica e cepas de dermatófitos, com valores de concentração inibitória mínima (CIM) entre 96µg/mL e 6,25mg/mL. A atividade antifúngica foi avaliada utilizando a metodologia time-kill (tempo de morte) (ZORIC et al., 2013).

Abaixo do CIM, o HT mostrou-se como potente causador de danos contra a parede celular de Candida albicans. Além disso, o HT causou pertubações na hidrofobicidade da superfície celular (HSC) de C. albicans. Assim, pode-se considerar, que o HT possui uma atividade antifúngica considerável in vitro contra um amplo espectro de leveduras de importância médica, inclusiva da C. albicans (ZORIC et al., 2013).

Referências

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