A melatonina atua como um importante hormônio e neurotransmissor, cujas principais funções são:
- a sincronização do ritmo circadiano e a modulação do ciclo sono-vigília;
- regulação das respostas imunes e neuroendócrinas;
- controle de parâmetros cardiovasculares (tal como a pressão arterial);
- ajustes dos estados de humor, do balanço energético celular, do comportamento sexual e da reprodução.
Fisiologicamente, a síntese endógena de melatonina reduz com o avanço da idade. Devido a sua importância para a manutenção da homeostase do organismo, esta alteração tem sido apontada como um dos fatores que contribui para a redução gradual da integridade e da funcionalidade celular – condição denominada de senescência celular, e que compromete diversos processos fisiológicos.
Além do envelhecimento, fatores externos (como iluminação durante o período noturno) e algumas doenças também podem comprometer a síntese e a liberação de melatonina pela glândula pineal (local onde é produzida) interferindo com a qualidade do sono, com o metabolismo energético celular, com a liberação de mediadores inflamatórios, com o humor, entre muitos outros.
Nessas condições, o tratamento com melatonina vem sendo utilizado com o objetivo de restaurar as funções fisiológicas necessárias para o funcionamento adequado do organismo – sobretudo para promover a melhora da qualidade do sono.
Entretanto, após administração pela via oral, a melatonina é rapidamente absorvida pelo epitélio intestinal e metabolizada a 6-sulfatoximelatonina no fígado, o que limita a sua biodisponibilidade no sistema nervoso central (SNC).
Com isso, o tempo de ação da melatonina pode ser reduzido, levando ao despertar precoce na maioria dos pacientes que fazem uso.
( Wade et al., 2014; Liu et al., 2016; Gringras et al., 2017; Maras et al., 2018; Schroder et al., 2019; Ahn et al., 2020; Malow et al., 2021)
Melatonina SR, o que é?
Melatonina SR (do inglês, slow release ou sustained release) consiste em uma tecnologia patenteada que permite um perfil de liberação gradual e prolongada da melatonina no organismo.
Dessa forma, evita a rápida metabolização da melatonina, além de garantir a manutenção de seus efeitos por aproximadamente 8 horas e mimetizar o padrão de liberação endógena deste hormônio.
A liberação prolongada da melatonina promove uma maior estabilidade do sono, o que evita os despertares noturnos que é uma das grandes limitações da melatonina de liberação imediata.
Figura 1 – Estrutura química da melatonina e perfil de liberação prolongada deste hormônio através da administração de Melatonina SR.
Fonte: Adaptado do material técnico do fornecedor “Active Pharmaceutica”
Diferenciais da Melatonina SR
- Liberação gradual e prolongada ao longo de 8 horas;
- 50% da melatonina é liberada na primeira hora o que permite uma adequada indução do sono;
- Favorece a manutenção do sono e minimiza a ocorrência de despertar precoce;
- Maior disponibilidade e tempo de ação;
- Permite a utilização de menor dosagem em relação a melatonina de liberação imediata;
- Menor probabilidade de efeitos adversos.
Mecanismo de ação
A Figura 2 ilustra os principais mecanismos através dos quais a melatonina promove seus efeitos benéficos nos diferentes sistemas fisiológicos a partir da administração oral.
FIGURA 2 – Principais mecanismos de ação responsáveis pelos efeitos da Melatonina SR sobre a regulação de diversos processos fisiológicos, incluindo o sono e o ritmo circadiano.
Fonte: Adaptado do material técnico do fornecedor “Active Pharmaceutica”
A produção de melatonina na glândula pineal e localmente na retina segue um ritmo circadiano, com os níveis mais altos produzidos durante a fase escura. A produção rítmica de melatonina é controlada por oscilações circadianas endógenas e arrastada pelo ciclo claro-escuro com período de 24 horas.
A melatonina pineal ativa os receptores MT 1 e MT 2 no núcleo supraquiasmático e tecidos periféricos para sinalizar informações fotoperiódicas e regular as funções fisiológicas.
A melatonina exógena modula processos e respostas no sistema nervoso central através da ativação dos receptores de melatonina MT 1 e/ou MT 2 .
Ativação adicional no receptor MT 1 pela melatonina exógena, diminui o crescimento de células de câncer de mama e próstata.
Todos esses efeitos são mostrados na Figura 3.
Figura 3 – Implicações terapêuticas da melatonina exógena.
Fonte: Liu et al., 2016
Benefícios da melatonina
- Melhora da insônia primária;
- Otimização da qualidade do sono e tratamento da insônia em idosos;
- Aumento da qualidade do sono, da memória e da cognição em pacientes com demência associadas a doenças neurodegenerativas, como doença de Alzheimer e doença de Parkinson;
- Efeito neuroprotetor;
- Tratamento de dependência química por drogas de abuso;
- Transtornos de humor;
- Coadjuvante no tratamento do câncer de mama e próstata.
(Lemoine et al., 2007; Wade et al., 2007; Luthringer et al., 2009; Wade et al., 2010; Wade et al., 2011; De Leersnyder et al., 2011; Wade et al., 2014; Liu et al., 2016; Gringras et al., 2017; Maras et al., 2018; Schroder et al., 2019; Ahn et al., 2020; Malow et al., 2021)
Quer ter acesso a sugestões de fórmulas com a Melatonina SR?
Quer ter acesso a mais conteúdo científico?
Acesse sua área restrita no site com seu login e senha.
Não está cadastrado? Cadastre-se clicando no link https://inovacao.farmaciaartesanal.com/registrar/
Referências
Ahn JH, Kim M, Park S, et al. Prolonged-release melatonin in Parkinson’s disease patients with a poor sleep quality: A randomized trial. Park Relat Disord. 2020;75:50-54.
De Leersnyder H, Zisapel N, Laudon M. Prolonged-release melatonin for children with neurodevelopmental disorders. Pediatr Neurol. 2011.
Gringras P, Nir T, Breddy J, Frydman-Marom A, Findling RL. Efficacy and Safety of Pediatric Prolonged-Release Melatonin for Insomnia in Children With Autism Spectrum Disorder. J Am Acad ChildAdolesc Psychiatry. 2017;56(11):948-957.e4.
Lemoine P, Nir T, Laudon M, Zisapel N. Prolonged-release melatonin improves sleep quality and morning alertness in insomnia patients aged 55 years and older and has no withdrawal effects. J SleepRes. 2007;16(4):372-380.
Liu J, Clough SJ, Hutchinson AJ, Adamah-Biassi EB, Popovska-Gorevski M, Dubocovich ML. MT1 and MT2 Melatonin Receptors: A Therapeutic Perspective. Annu Rev Pharmacol Toxicol. 2016;56:361-83.
Luthringer R, Muzet M, Zisapel N, Staner L. The effect of prolonged-release melatonin on sleep measures and psychomotor performance in elderly patients with insomnia. Int Clin Psychopharmacol. 2009;24(5):239-249.
Malow BA, Findling RL, Schroder CM, et al. Sleep, Growth, and Puberty After 2 Years of Prolonged-Release Melatonin in Children With Autism Spectrum Disorder. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry.2021;60(2):252-261.
Maras A, Schroder CM, Malow BA, et al. Long-term efficacy and safety of pediatric prolonged-release melatonin for insomnia in children with autism spectrum disorder. J Child Adolesc Psychopharmacol. 2018;28(10):699-710.
Schroder CM, Malow BA, Maras A, et al. Pediatric Prolonged-Release Melatonin for Sleep in Children with Autism Spectrum Disorder: Impact on Child Behavior and Caregiver’s Quality of Life. J AutismDev Disord. 2019;49(8):3218-3230.
Wade AG, Crawford G, Ford I, et al. Prolonged release melatonin in the treatment of primary insomnia: Evaluation of the age cut-off for short- and long-term response. Curr Med Res Opin. 2011;27(1):87-98.
Wade AG, Ford I, Crawford G, et al. Nightly treatment of primary insomnia with prolonged release melatonin for 6 months: A randomized placebo controlled trial on age and endogenous melatonin as predictors of efficacy and safety. BMC Med. 2010;8:1-18.
Wade AG, Ford I, Crawford G, et al. Efficacy of prolonged release melatonin in insomnia patients aged 55-80 years: Quality of sleep and next-day alertness outcomes. Curr Med Res Opin. 2007;23(10):2597-2605.
Wade AG, Farmer M, Harari G, et al. Add-on prolonged-release melatonin for cognitive function and sleep in mild to moderate Alzheimer’s disease: A 6-month, randomized, placebo-controlled, multicenter trial. Clin Interv Aging. 2014;9:947-961.