A melatonina é um hormônio lipofílico, derivado do triptofano e amplamente distribuída pelo corpo humano.
A melatonina é um hormônio é secretado pela glândula pineal, principalmente durante a noite, agindo como molécula de sinalização, sinalizando ao organismo se é dia ou noite.
A quantidade de melatonina endógena aumenta com o anoitecer, tem um pico máximo na madrugada, reduzindo nas primeiras horas da manhã. Também possui função essencial na sincronização do ciclo circadiano, especialmente, estado de vigília, sono e metabolismo energético para um melhor funcionamento (TAN et al.,2015; EKMEKCIOGLU, 2006). Como uma molécula de sinalização, a produção de melatonina também exibe mudanças sazonais. Durante o inverno, o pico noturno de melatonina permanece por um período maior devido as noites mais longas, enquanto que no verão, o pico noturno é menor (TAN et al.,2015).
Outra característica marcante, é sua capacidade antioxidante. Como se trata de um antioxidante natural, sua síntese é induzida em sob o stress oxidativo, tornando-o mais adequado como um antioxidante para proteger os organismos de condições estressantes.
Patologias desencadeadas ou pioradas por radicais livres, como doenças neurodegenerativas são amenizadas pela presença de melatonina e sua ação neuroprotetora
EKMEKCIOGLU, 2006; EMET et al., 2016; TAN et al.,2015)
A melatonina no corpo
A concentração de melatonina também varia de acordo com a idade, recém nascidos não tem a glândula pineal bem desenvolvida e por isso não produzem melatonina, porém, podem adquirir por meio do leite materno, consequentemente, bebes com alimentação a base de leite materno dormem melhor do que os que utilizam leite industrializado.
A produção da melatonina aumenta rapidamente dos 2 aos 4 anos e durante a fase jovem os picos noturnos permanece em uma espécie de platô, mas em seguida começam a cair significativamente. Essa diminuição de melatonina é considerado um fator de risco para várias doenças neurodegenerativa, como o Alzheimer.
(BUBENIK & KONTUREK, 2011)
Fonte: BUBENIK & KONTUREK, 2011
Estudos apontaram para benefícios em adultos e crianças com o uso de melatonina de uso oral, foi apontado melhorias na latência, na qualidade e no tempo total de sono em comparação ao placebo (WADE et al., 2007).
No tratamento do espectro de autismo o uso de melatonina mostrou resultados favoráveis no período de duração do sono, no picos iniciais e nos despertares noturnos, tendo ainda melhor desenvolvimento no comportamento durante o período diurno.
(DAMIANI et al., 2014; MALOW et al., 2012; ROSSIGNOL & FRYE, 2014)
Indicação e benefícios
- Regula o ritmo circadiano (PANDI-PERUMAL et al.,2008; COMAI & GOBBI, 2014; EMET et al., 2016);
- Regula o gasto de energético e a massa corporal (EKMEKCIOGLU, 2006);
- Auxilia na regulação de distúrbios do sono;
- Diminuição do estresse oxidativo;
- Melhoria no sono e comportamento do espectro de autismo;
- Auxilia no desenvolvimento durante a puberdade (PANDI-PERUMAL et al.,2008);
- Controle da postura e equilíbrio corporal (PANDI-PERUMAL et al.,2008; UZ et al.,2005);
- Regula a memória, ativando diretamente neurônios do hipocampo (COMAI & GOBBI, 2014);
- Atividade antidepressiva, ansiolítica e antineofóbica (UZ et al.,2005);
- Ação neuroprotetora (UZ et al.,2005);
- Anti-inflamatório, analgésico e Antioxidante (LY et al., 2013; COMAI e GOBBI, 2014);
- Regula a secreção do hormônio libertador de gonadotrofina e estimula produção de progesterona (DUBOCOVICH et al.,2003);
- Regula a adaptação da retina para baixas intensidades de luz (EKMEKCIOGLU, 2006);
- Reduz pressão sanguínea (EKMEKCIOGLU, 2006);
- Modula os processos de transporte de íons e a motilidade no trato gastrointestinal (EKMEKCIOGLU, 2006).
Mecanismo de ação
A melatonina exerce suas atividades por mais de um mecanismo de ação, e dentre eles, o principal é sua capacidade de se ligar a receptores específicos em membranas plasmáticas celulares (MT1 e MT2), essas ligações são capazes por exemplo, de desencadear os efeitos relacionados ao ciclo circadiano.
(EKMEKCIOGLU, 2006; EMET et al., 2016).
Um outro mecanismo também envolve ligação a receptores, porém, receptores intracelulares, como a calmodulina (proteína que se liga ao cálcio), antagonizando o Ca2+, o que pode levar ao efeito antiproliferativo de células cancerígenas.
(EKMEKCIOGLU, 2006; EMET et al., 2016)
Referências
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