Você sabia que a microbiota intestinal possui uma correlação importante com o gerenciamento do peso, podendo estimular também, a atividade de hormônios ligados a saciedade e ingestão de alimentos.
Todavia a estrutura da sua microbiota intestinal e o seu perfil metabólico interferir em variadas respostas às desordens do organismo. Apontamos aqui como a microbiota influencia no metabolismo de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), e consequentemente, como estes afetam a obesidade. Você verá também os benefícios da suplementação com probióticos e fontes de AGCC.
Importância dos ácidos graxos de cadeia curta
Esse desequilíbrio está relacionado à indução de citocinas pró-inflamatórias, bem como estímulo da adipogênese e também da oxidação de ácidos graxos.
Além disso, essa microbiota alterada provoca fermentação no cólon e com isso, altera a disponibilidade de AGCCs produzidos pela fermentação, normalmente, atuantes como substratos energéticos e/ou reguladores metabólicos e energéticos.
(Li et al., 2017)
O que são ácidos graxos de cadeia curta
Os AGCCs são metabólitos importantes da microbiota intestinal que são de fato ácidos graxos derivados de fibras dietéticas, originam principalmente, acetato, propionato e butirato.
Estudos tem apontados a relevância destes sobre processos metabólicos, incluindo primordialmente, um menor risco para desenvolver a obesidade e o diabetes.
(Markowiak-Kopeć e Śliżewska, 2020)
Função dos ácidos graxos de cadeia curta
Semelhantemente, os ácidos graxos de cadeia curta tem sido associado como mediador da dieta e da microbiota a própria fisiologia do hospedeiro, modulando dessa forma, as respostas endócrinas, o desenvolvimento e a ativação de leucócitos e a atividade de enzimas e de fatores de transcrição.
(Markowiak-Kopeć e Śliżewska, 2020; Li et al., 2017)
Desequilíbrio da microbiota intestinal e o gerenciamento do peso
A ocorrência de desequilíbrio na microbiota intestinal pode estar envolvido no aumento de ácidos graxos de cadeia curta (SCFA) e também da permeabilidade intestinal bem como na diminuição do Fator Adiposo Induzido pelo Jejum (FIAF) e da Proteína Quinase Ativada por Monofosfato de Adenosina (AMPK), ilustrado na fig. A.
Figura A- Interferência da disbiose e da administração de probióticos sobre a obesidade
Fonte: Sanchez et al., 2014
Evidências recentes de pesquisas apontam que as propriedades dos prebióticos e probióticos podem ser de grande interesse devido à sua participação na composição da microbiota e contribuir para inibir os mecanismos mostrados na fig. B com aumento dos hormônios PYY e GLP-1 e redução da grelina.
(Markowiak-Kopeć e Śliżewska, 2020; Sanchez et al., 2014; Li et al., 2017)
Microbiota intestinal e o gerenciamento do peso
Decerto, alterações na microbiota apontam que ocorre mudanças na diversidade da comunidade dos filos Bacteroidetes e Firmicutes, que juntas inegavelmente, compõem cerca de 90% de todos os tipos filogenéticos de micróbios intestinais, entretanto, há predominância de Firmicutes e dessa forma, é sugerido que a microbiota intestinal é um fator que contribui para a fisiopatologia da obesidade.
(Markowiak-Kopeć e Śliżewska, 2020; Sanchez et al., 2014)
Ácidos graxos de cadeia curta influenciam no gerenciamento do peso
Os ácidos graxos de cadeia curta (SCFA), são considerados nutrientes indiretos produzidos pela microbiota intestinal. Eles desempenham um papel importante no metabolismo energético e na expansão do tecido adiposo.
Reduz tecido adiposo e eleva gasto energético no gerenciamento do peso
Entretanto, podem atuar como moléculas sinalizadoras, estimulando uma cascata de sinalização que reduz o armazenamento de tecido adiposo (gordura), em contrapartida, eleva o gasto energético, fatores que contribuem primordialmente para perda de peso.
(Markowiak-Kopeć e Śliżewska, 2020; Li et al., 2017)
Benefícios de probióticos e ácidos graxos de cadeia curta
A utilização de suplementação com probióticos têm sido amplamente estudados, devido a potencial benefício no controle metabólico. Conforme evidências apontam, os probióticos, como também os prébióticos podem intermediar a restauração da microbiota.
Figura B- Influência da administração de probióticos sobre na reestruturação da microbiota intestinal
Fonte: Sanchez et al., 2014
Todavia, os probióticos podem atuar para auxílio no controle do apetite, através de estímulo da saciedade através da secreção de hormônios (PYY e GLP-1), e isso pode aumentar os níveis de AGCCs, o que contribui, especialmente, na terapêutica da obesidade, e consequentemente, beneficia na perda de peso, ilustrado na fig. B.
(Markowiak-Kopeć e Śliżewska, 2020; Sanchez et al., 2014)
Em conclusão
A obesidade possui diferentes interferentes para o sucesso do tratamento, tendo por expectativa reduzir o peso. As opções terapêuticas clássicas normalmente contemplam, inibidores de apetite, termogênicos, lipolíticos e sacietógenos, porém estes podem não resultar no controle do peso.
Alternativas como, por exemplo, os probióticos e também fontes de AGCCs podem ser opções que auxiliam no gerenciamento do peso. Além disso, seus benefícios se estendem sobre a imunidade, a neuroinflamação e sobre o estresse oxidativo e inflamatório.
Referencias
Li, X., Shimizu, Y., & Kimura, I. (2017). Gut microbial metabolite short-chain fatty acids and obesity. Bioscience of microbiota, food and health, 36(4), 135-40.
Markowiak-Kopeć, P., & Śliżewska, K. (2020). The Effect of Probiotics on the Production of Short-Chain Fatty Acids by Human Intestinal Microbiome. Nutrients, 12(4), 1107.
Sanchez, M., Panahi, S., & Tremblay, A. (2014). Childhood obesity: a role for gut microbiota?. International journal of environmental research and public health, 12(1), 162-75.