Tratamento da fibromialgia

A fibromialgia (FM) é uma Síndrome de dor crônica que afeta até 5% da população mundial. Clinicamente é caracterizada pela presença de dor difusa e pontos de hipersensibilidade, detectados por exame físico, e geralmente é acompanhado por fadiga, sono e transtornos de humor.

De acordo com protocolos médicos já instituídos, seu tratamento dá-se tanto com a terapia não farmacológica, quanto com a farmacológica. Com efeito, um grande percentual de pacientes (50%) respondem bem ao exercício físico, e até 50% dos casos respondem adequadamente ao tratamento com antidepressivos tricíclicos, tal como baixas doses de amitriptilina.

Opções terapêuticas alternativas na fibromialgia

A princípio, entre as opções terapêuticas encontram-se, os analgésicos, os antidepressivos, os analgésicos opioides e também alguns anticonvulsivantes para tratar a fibromialgia ao promover alívio dos sintomas. Uma possível alternativa também seria o uso de fitoterápicos, pois, estudos tem apontado benefícios destes sobre a FM, como por exemplo, o Panax ginseng e a coenzima Q10.

Braz et al., 2013

Propriedades do Panax ginseng

Ademais, o Panax ginseng é uma planta medicinal que tem sido utilizada a centenas de anos na medicina oriental. Seus principais componentes ativos são ginsenósides ou saponinas triterpenóides do ginseng e aproximadamente outros 38 tipos de ginsenósides tem sido identificados.

Estudos experimentais sugerem que os ginsenosides consegue atuar no sistema nervoso central, especialmente, em desordens neurodegenerativas.

Choi et al., 2008; Braz et al., 2013

Evidência de Panax ginseng sobre a fibromialgia

Em suma, um estudo avaliou a eficácia terapêutica da raiz de Panax ginseng para aliviar os sintomas da FM. 52 pacientes diagnosticados com fibrobialgia, foram divididos em 3 grupos. Eles receberam diariamente, amitriptilina (5mg), Panax ginseng (27% de ginsenoside) (100 mg) e outro grupo recebeu placebo por 12 semanas.

De acordo com os resultados

  • Com efeito, o grupo que recebeu P. ginseng apresentou uma redução da dor de 31,7% na 6ª semana, 35,6% na 9ª semana e 39,4% na 12ª semana
  • A avaliação pela VAS da fadiga revelou uma melhora quando comparado ao tempo base
  • Todos os grupos tiveram uma melhora significativa na qualidade do sono
  • Diferenças significativas na redução da ansiedade foi percebida na 12ª semana, com P. ginseng (55,6%) e com amitriptilina (49,3%).

Em conclusão

A utilização de P. ginseng pode representar uma alternativa relevante para tratar a dor crônica e a dor aguda, e pode ser considerada uma opção para a terapêutica da FM, ou mesmo um coadjuvante junto a outros fármacos.

Braz et al., 2013

CoenzimaQ10 para tratar a fibromialgia

Recentemente, foi levantada a hipótese de que o estresse oxidativo e a disfunção mitocondrial são eventos importantes na patogênese da FM. Conforme dados apontados, a massa mitocondrial e as células bioenergéticas, bem como proteínas antioxidantes, tal como a catálise da superóxido desmutase (SOD) mostraram-se reduzidas na fibromilagia.

Atividade biológica da mitocôndria

Em células eucariotas, a biogênese mitocondrial é desencadeada pela modulação da taxa de ATP/ADP, estímulo da proteína ativada por (AMPK), e consequentemente, pela expressão dos fatores de transcrição PGC-1α e NRF1. A cascata AMPK é um dos sistemas envolvidos para garantir a manutenção dos níveis de energia em homeostase.

De maneira idêntica, o AMPK, é o responsável pelo aumento da expressão dos níveis de enzimas antioxidantes como a catalase e MnSOD, também tem sido envolvido na resposta celular contra danos causados pela indução mitocondrial de espécies reativas de oxigênio (ROS).

Prejuízos da deficiência de coenzima Q10

Ademais, dentre as muitas alterações que ocorre em um processo de estresse oxidativo, a deficiência de coenzima Q10 (CoQ10) tem sido encontrada em pacientes com fibromialgia. A CoQ10 desempenha um papel crítico na produção de ATP mitocondrial e no metabolismo celular. Além disso, regula o desacoplamento de proteínas mitocondriais, o poro de transição da permeabilidade mitocondrial e a produção de ROS.

Em virtude isso, estudos apontam que pacientes com deficiência de CoQ10 têm mostrado uma melhora clínica interessante da FM, após inicio de suplementação oral com CoQ10

Colombo et al., 2009; Cordero et al., 2010; Cordero et al., 2012; Cordero et al., 2013

Estudo

Suplementação com CoQ10 em pacientes com fibromialgia

Um estudo recente, controlado por placebo, avaliou o efeito da CoQ10 sobre os sintomas clínicos e também sobre a expressão de genes associados a inflamação, enzimas antioxidantes, bem como na biogênese mitocondrial em pacientes com fibromialgia, e no impacto sobre o AMPK na fisiopatologia da FM.

Conforme dados do estudo, foram selecionadas 20 mulheres e estas foram divididas em 2 grupos, 1 grupo recebeu CoQ10 (300mg) ou já no outro grupos foi administrado placebo em 3 doses diariamente, por 40 dias.

Como resultado

  • Com efeito, o grupo suplementado com coenzima Q10, apresentou melhora significativa da dor (52%) comparado ao grupo placebo
  • Ademais, houve redução da fadiga (47%) e no cansaço pela manhã (44%)
  • Além disso, foi observado uma importante redução na escala visual de dor (56%) no grupo tratado, comparado ao placebo.
  • Não foi relatado efeito adversos, desse modo, mostra ser uma terapêutica segura e bem tolerada
  • Nesse interim, foi percebida uma regulação nas concentrações de leucócitos e na expressão de citocinas  inflamatórias (IL-6, IL-8 e TNF-α)
  • Não apenas reduziu mediadores da inflamação, mas também elevou a expressão de genes relacionado a biogênese mitocondrial (PGC-1α, TFAM e NRF1) e a resposta antioxidante (CuZnSOD e MnSOD).

Em conclusão

Os resultados sugerem que a suplementação com a coenzima Q10 pode trazer benefícios sobre a expressão do gene AMPK em pacientes com fibromialgia. A suplementação com CoQ10 induz estímulo da biogênese mitocondrial, de substâncias antioxidantes e da transcrição de AMPK, em contrapartida, a expressão de genes ligados a inflamação são diminuídos.

Cordero et al., 2013

Referências bibliográficas

Braz A. S., et al. Effects of Panax ginseng extract in patients with fbromyalgia: A 12-week, randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Rev Bras Psiquiatr. 2013;35:021-028.

Choi S, Kim T, Shin Y, Lee C, Park M, Lee H, Song J. Effects of a polyacetylene from Panax ginseng on Na(+) currents in rat dorsal root ganglion neurons. Brain Res. 2008;29:75-83.

Cordero M D, de Miguel M, Carmona-López I, Bonal P, Campa F, and Moreno – Fernandez A M. Oxidative stress and Mitochondrial dysfunction in fibromyalgia. NeuroEndocrinol Lett 31:169–173, 2010.

Cordero M D, et al. Is inflammation a mitochondrial dysfunction-dependent event in Fibromyalgia? Antioxid Redox Signal 18:800–807, 2012.

Cordero M D, et al. Can Coenzyme Q10 improve clinical and molecular parameters in fibromyalgia? Antioxidants & Redox Signaling. Volume00, Number 00, 2013. Mary Ann Liebert, Inc. 

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