Extrato de green tea associados a resistência à insulina em hipertensos obesos, por atuação sobre as vias de enzimas hepáticas.
Extrato de Green Tea e a resistência à insulina
O extrato de Green Tea (Camellia sinensis) possui diversos benefícios:
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- Auxilia na redução da pressão sanguínea, de marcadores inflamatórios e do estresse oxidativo;
- Melhora parâmetros associados à resistência à insulina em indivíduos hipertensos obesos e saudáveis;
- Promove proteção do sistema cardiovascular;
- Possui ação antibacteriana;
- Atua sobre a obesidade;
- Possui efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes.
Os componentes farmacológicos do Green Tea são as catequinas polifenólicas, sendo a principal (-) -galato de epigalocatequina (EGCG) (SUZUKI et al., 2012; PENG et al., 2014; YU et al., 2017; KIM & KIM, 2013).
A Diabetes Tipo 2 é caracterizada por desordens nos níveis de insulina. Além disso, é marcada pela resistência à insulina e é uma doença metabólica crônica. A princípio, essa síndrome metabólica está associada a complicações como hipercolesterolemia, alterações na função cardíaca e renal, vasos sanguíneos e no acúmulo de gordura corporal.
Todavia, estudos de metanálise tem apontado que os componentes presentes no Green Tea têm capacidade e impacto na redução da resistência à insulina. A ingestão de Green Tea ou de seu extrato no consumo diário pode aumentar a tolerância oral à glicose em pessoas saudáveis, reduzir a glicemia de jejum e hemoglobina glicosilada (HbA1c) em indivíduos com risco de desenvolver o diabetes (YU et al., 2017).
Bogdanski e colaboradores (2012) apontaram, por meio de estudo clínico, que o Green Tea tem ação sobre a resistência insulínica e também está associado à melhora dos riscos cardiovasculares em pacientes hipertensos e obesos. Além disso, segundo Suzuki e colaboradores (2012), o Green Tea também exerce ação sobre esta resistência, dessa vez relacionada com a obesidade.
Juntamente com estes, outros estudos têm mostrado que o Green Tea aumenta a atividade insulínica, ocorrendo melhora na sensibilidade à insulina em humanos. Os resultados indicaram que EGCG subregula a expressão de genes de enzimas gliconeogênicas através da redução da expressão do gene e da proteína do fator nuclear de hepatócito 4α (HNF-4α) – fator de transcrição essencial para o fosfoenolpiruvato carboxicinase (PEPCK), e da glicose-6-fosfatase (G6Pase). Tais regulações podem contribuir para a redução dos níveis glicêmicos.
A suplementação com Green Tea e galato de epigalocatequina (EGCG) é uma estratégia viável para a prevenção e tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2 por meio de efeitos redutores na concentração de glicose e por regulação negativa da expressão gênica de enzimas hepáticas.
Extrato de Green Tea e a redução da gordura corporal
Outro alvo das catequinas presentes no Green Tea está relacionado à redução da gordura corporal. Sugere que a razão seja por estímulo do metabolismo lipídico hepático. Sendo assim, o mecanismo seria através da ação das catequinas que provocam a inibição do crescimento celular, suprimindo a lipogênese em células de câncer de mama MCF-7 humanas por meio da regulação negativa da expressão do gene da sintase de ácido graxo no núcleo e estimulação do gasto de energia celular na mitocôndria.
Por conseguinte, a redução na expressão do gene dos hepatócitos de PEPCK e G6Pase leva a uma diminuição da expressão de enzimas lipogênicas. Como a sintase de ácido graxo, a 4-hidroximetilglutaril CoA redutase, a acetil CoA carboxilase α e a ATP-citrato liase em associação com a expressão gênica reduzida do fator de ligação ao elemento de resposta ao esteróide (SREBF-1) e (SREBF-2) – fatores de transcrição importantes para a expressão de genes de enzimas lipogênicas.
Em experimento, os níveis séricos de triglicerídeos e colesterol estiveram reduzidos em roedores que receberam galato de epigalocatequina (EGCG) (SUZUKI et al., 2012; KIM & KIM, 2013).
Legenda
SREBF-1 e 2: Fatores de ligação a elementos de resposta esteróis
ACAC: Acetil CoA carboxilase
ACLY: Citrato de ATP-liase
HMGCR:4-hidroximetilglutaril CoA redutase
FAS: Ácido graxo sintase
TCA: Ciclo do ácido cítrico
Extrato de Green Tea e a saúde cardiovascular
Peng e colaboradores (2014), em um estudo de metanálise, apontaram que os compostos fenólicos, principalmente as catecolaminas presentes no Green Tea, são capazes de trazer benefícios a saúde cardiovascular, principalmente na prevenção. Além disso, são capazes de promover redução da pressão sistólica e diastólica, trazendo benefícios aos pacientes hipertensos.
O mecanismo envolvido pode ser por atribuído a manutenção do tônus vascular, com equilíbrio sobre as substancias vasoconstritoras (angiotensina II, prostaglandinas, endotelina-1) e sobre as vasodilatadoras (prostaciclina e diversos fatores hiperpolarizantes derivados do endotélio (EDHF).
Por outro lado, o Green Tea é tido como benéfico no tecido ventricular com maior produção de óxido nítrico (NO), a partir do endotélio, em vias dependentes de PI3-quinase. Sendo, ainda, importante na regulação da ativação de oxido nítrico sintase, o que leva a aumentos na sua produção. Sua ação antioxidante intervém na produção de espécies reativas ao oxigênio (ROS), reduzindo o estresse oxidativo, por meio de inibição de enzimas pró-oxidantes e induzindo enzimas antioxidantes (PENG et al., 2014).
Os efeitos antiateroscleróticos das catequinas está com ação sobre a diminuição dos níveis plasmáticos de colesterol total, éster de colesterol e colesterol total-HDL-colesterol (VIDL+ LDL colesterol). Além disso, reduz o índice aterogênico (VLDL + LDL/ HDL), indicando que eles exercem um efeito positivo na redução e prevenção da aterosclerose (SUZUKI et al., 2012; PENG et al., 2014).
As catequinas contidas no extrato podem atuar impedindo fator nuclear-kappa B, componente responsável pela indução de inflamação, dessa forma, pode ter ação anti-inflamatória com supressão de moléculas envolvidas na inflamação (SUZUKI et al., 2012; PENG et al., 2014).
Al-Shafei em seu estudo com 200 pacientes com ingestão de chá 250 mL por 4 meses, resultou em significativa redução do na pressão sistólica, diastólica e na pressão de pulso. Os compostos fenólicos presentes no chá green tea parecem ser os responsáveis pela ação hipotensora.
Estudos
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- Estudo I
Estudo com 5 camundongos domésticos apontou para resultados benéficos com uso de Green Tea, devido a presença de catequinas e polifenois nos níveis de glicemia, triglicerídeos e colesterol. Eles receberam dieta associada a 0,2-0,5% e foram comparados aqueles que receberam uma dieta normal(controle) (SUZUKI et al., 2012).
Resultados
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- Estudo II
Estudo realizado com 56 pacientes obesos com a condição clinica estabelecida de hipertensão arterial, foram divididos em 2 grupos e submetidos por 3 meses à suplementação com green tea 379 mg (grupo 1) e placebo grupo 2.
Resultados
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- Tanto a pressão sistólica quanto a diastólica reduziram significativamente no grupo 1 que fez uso do green tea;
- Houve considerável redução da glicose de jejum e resistência à insulina nos indivíduos que utilizaram green tea;
- Reduziu significativamente os níveis de TNF-alfa e PCR, status antioxidante esteve aumentado no grupo 1;
- Percebeu-se redução no níveis séricos de de LDL-c e triglicérides e ainda notou-se aumento de HDL-c.
Referências
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- Bogdanski P, Suliburska J, Szulinska M, Stepien M, Pupek-Musialik D, Jablecka A. Green tea extract reduces blood pressure, inflammatory biomarkers, and oxidative stress and improves parameters associated with insulin resistance in obese, hypertensive patients. Nutr Res. 32(6), 421-27, 2012.
- Suzuki, Y., Miyoshi, N., & Isemura, M. Health-promoting effects of green tea. Proceedings of the Japan Academy. Series B, Physical and biological sciences, 88(3), 88–01, 2012.
- Peng, X., Zhou, R., Wang, B., Yu, X., Yang, X., Liu, K., & Mi, M. Effect of green tea consumption on blood pressure: a meta-analysis of 13 randomized controlled trials. Scientific reports, 4, 6251, 2014.
- Al-Shafei, A., & El-Gendy, O. Regular consumption of green tea improves pulse pressure and induces regression of left ventricular hypertrophy in hypertensive patients. Physiological reports, 7(6), e14030, 2019.
- Yu, J., Song, P., Perry, R., Penfold, C., & Cooper, A. R. The Effectiveness of Green Tea or Green Tea Extract on Insulin Resistance and Glycemic Control in Type 2 Diabetes Mellitus: A Meta-Analysis. Diabetes & metabolism journal. 41(4), 251–62, 2017.
- Kim, H. M., & Kim, J. The effects of green tea on obesity and type 2 diabetes. Diabetes & metabolism journal, 37(3), 173–75, 2013.