Reposição de Testosterona no Hipogonadismo
Há uma alta prevalência de hipogonadismo na população idosa masculina adulta e a proporção de homens mais velhos, na população, com a síndrome deverá aumentar no futuro. O hipogonadismo aumenta com a idade, e está significativamente associado com várias comorbidades, tais como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, osteoporose e síndrome metabólica (DANDONA et al, 2010).
Os principais sintomas de hipogonadismo são libido reduzido, disfunção erétil, redução da massa muscular e da força, aumento da adiposidade, osteoporose, baixa massa óssea, depressão e fadiga,por isso a importância da terapia de reposição de testosterona.
O diagnóstico da doença requer a presença de baixos níveis de testosterona no soro e a presença destes sintomas. Assim, recomenda-se a reposição da testosterona para o seu tratamento (DANDONA et al, 2010).
Existem muitos tipos de preparações de testosterona, mas as preparações em gel são mais comumente utilizadas, inclusive nos Estados Unidos. A maioria dos géis de testoterona são em bases hidroalcoólicas, e contém de 1-2% do ativo.
A testosterona é absorvido pela pele e é lentamente liberado para o corpo. Ele permite um nível de testosterona no soro razoavelmente constante, que é tão eficaz quanto o patch.
O ajuste da dose de testosterona em gel pode ser feita depois de um paciente ter sido tratado durante pelo menos uma semana, para atingir o nível de testosterona no soro na faixa média normal. O Gel de testosterona possui um mínimo de irritabilidade da pele (PRASANTH et al, 2012).
Das preparações transdérmicas de testosterona, a formulação em gel é atualmente recomendada para a maioria dos homens com hipogonadismo. Além disso, a formulação em gel é capaz de produzir uma concentração de testosterona no soro constante dentro da gama fisiológica nos homens adultos (PRASANTH et al, 2012).
O hipogonadismo afeta negativamente o bem-estar psicológico dos homens afetados. Um estudo avaliou como a terapia de reposição com testosterona poderia melhorar estes pacientes.
Para tal, os participantes responderam alguns questionários de avaliação psicológica, no início do tratamento e após 6 meses, como: escala de classificação dos sintomas do envelhecimento masculino (AMS), escala de ansiedade e depressão (ADS), escala do estresse percebido (PSS) e Avaliação da saúde (SF-12). Neste estudo, os pacientes foram tratados com cápsulas de undecanoato de testosterona por via oral (120-160mg por dia) ou cápsulas de vitamina E/C.
No grupo de tratamento com o ativo, o total das concentrações de testosterona no soro antes e depois da intervenção foram 230 ± 21 e 395 ± 34 ng / dl, respectivamente. A média da pontuação da escala de ansiedade no ADS no início do estudo e ao Mês 6, foram 3,47 ± 0,4 e 1,72 ± 0,2, respectivamente (t = 1,526, p <0,05).
Além disso, a média de pontuações da escala ADS de depressão foram 4,91 ± 0,6 e 2,39 ± 0,3, respectivamente (t = 3,466, p <0,05). Os escores médios no PSS para os pacientes no início do estudo e ao mês 6 foram 12,88 ± 2,1 e 9,83 ± 1,7, respectivamente (t = 4,009, p <0,05). Houve uma melhora significativa do SF-12 (t = 1,433 e 1,118, respectivamente, ambos p <0,05).
Nenhuma mudança significativa foi observada no grupo de controle ao mês 6. Assim, a reposição, não só melhora os sintomas associados a deficiência androgênica, mas também melhora questões psicológicas, em geral (XIAOWEI, 2013).
Outro recente estudo mostra que, aproximadamente, 25% dos pacientes acometidos por insuficiência cardíaca crônica (ICC) são caracterizados por níveis de testosterona abaixo da normalidade no plasma, também relacionados com a progressão da doença.
Além disso, a redução da concentração de testosterona pode contribuir para algumas características específicas da síndrome, como a utilização anormal de energia, fraqueza, dispneia e, em particular, a caquexia.
De acordo com algumas evidências recentes, verificou-se que a terapia de reposição de testosterona (TRT) pode ser capaz de melhorar a força muscular e a capacidade funcional pulmonar em homens acometicos por insuficiência cardíaca crônica, com deficiência de testosterona (GIAGULLI et al, 2013).
Estudiosos avaliaram o efeito da terapia de reposição de testosterona na variação do intervalo QTa, por 12 meses, em homens com hipogonadismo e com lesão na medula espinhal.
Estes pacientes estão associados a elevados intervalos QTaVI na linha de base. Os resultados mostram que após 12 meses de tarapia houve melhora do QTaVI, associada a um aumento de testosterona, dentro nos níveis normais. Estes resultados ocorreram independentemento do prolongamento do intervalo QT.
Controle do metabolismo
A testosterona é um hormônio que possui um papel chave no metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. Tem sido conhecido durante algum tempo, que a testosterona tem uma grande influência na composição da gordura corporal e da massa muscular nos homens.
A deficiência deste hormônio está associada a um aumento da massa de gordura, redução da sensibilidade a insulina, diminuição da tolerância à glicose, elevação de triglicerídeos e colesterol, e baixo HDL. Todos estes fatores são encontrados na síndrome metabólica e no Diabetes Tipo 2, contribuindo para um risco cardiovascular (KELLY, 2013).
Duas revisões sistemáticas e estudos de meta-análise mostraram que os níveis de testosterona endógena total e livre são menores em indivíduos com síndrome metabólica, comparado aos sadios (BRAND et al, 2010, CARONA et al, 2011).
Ensaios clínicos demonstram que a terapia de reposição de testosterona melhora a resistência a insulina nessas condições, bem como o controle glicêmico, e também reduz a massa de gordura corporal, colesterol e triglicérides. Os mecanismos de ação da testosterona no controle do metabolismo, não estão totalmente claros.
Há, no entanto, evidências a partir de estudos em células de animais e clínicos que a testosterona a nível molecular, controla a expressão de proteínas reguladoras importantes envolvidas na glicólise, na síntese de glicogênio, no metabolismo lipídico e do colesterol (KELLY et al, 2013).
Jones e colaboradores (2011) mostraram em um estudo controlado por placebo, duplo cego, em homens com síndrome matabólica ou diabetes melitos tipo 2, que a reposição de testosterona (2% de testosterona em Gel) em homens com hipogonadismo melhora a resistência a insulina após 6 e 12 meses de terapia em 15 e 16%, respectivamente, comparado com o placebo.
Outro estudo mostra que a reposição em pacientes com hipogonadismo, pode trazer benefícios para diminuição dos riscos de doença cardiovascular, incluindo melhora no perfil lipídico (MONROE et al, 2013)
Referências bibliográficas
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Jones TH, Arver S, Behre HM, Buvat J, Meuleman E, Moncada I, Morales AM, Volterrani M, Yellowlees A, Howell JD & Channer KS, 2011. Testosterone replacement in hypogonadal men with type 2 diabetes and/or metabolic syndrome (the TIMES2 study). Diabetes Care 34:828;37.
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Prasanth et al. Hypogonadism in the Aging Male Diagnosis, Potential Benefits, and Risks of Testosterone Replacement Therapy. Int J Endocrinol. 2012; 2012: 625434. Published online 2012 March 14. doi: 10.1155/2012/625434
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