Em princípio, a arnica (Arnica montana L.) é popularmente conhecida devido aos seus efeitos sobre a inflamação, dor, reumatismo, contusões e também sobre a picada de insetos. Com efeito, estudos recentes vêm evidenciando a segurança e eficácia dos tratamentos com arnica.
Propriedades terapêuticas da arnica
Inegavelmente, a arnica pode atuar sobre diversas condições inflamatórias devido a sua propriedade farmacológica, como:
- Anti-inflamatório
- Analgésico
- Cicatrizante
- Antisséptico
- Antimicrobiano
- Fungicida
- Anti-histamínico
- Cardiotônico
- Colagogo
Impacto da osteoartrite
A osteoartrite (OA) é uma desordem inflamatória que afeta as articulações (geralmente dos joelhos, quadril e mãos). Conforme as articulações sofrem perda de cartilagem, o osso cresce na tentativa de reparar o dano, o que consequentemente, pode deformar e tornar a movimentação dolorosa e limitada, decerto, OA pode restringir a função física a capacidade das articulações.
Cameron & Chrubasik, 2013; Ferrari et at., 2013
Estudo I
Arnica como opção terapêutica na osteoartrite
Foi realizado um estudo para avaliar as evidências a respeito da eficácia de produtos tópicos de plantas medicinais. Além disso, a pesquisa mostrou que pacientes com OA, que utilizaram a arnica em gel tiveram melhora da dor. Com efeito, os resultados foram significativos, comparado ao uso de anti-inflamatórios não-esteróides (ibuprofeno).
Resultado do uso de arnica sobre a dor
Os pacientes que utilizaram a arnica, após serem avaliados apresentaram menor intensidade da dor (3,8 pontos), comparado aos pacientes que utilizaram ibuprofeno. Após três semanas de tratamento, aqueles que utilizaram a arnica estimaram sua dor em 40,4 pontos e as que utilizaram ibuprofeno estimaram sua dor em 44,2 em uma escala de 0 a 100.
Na melhora da função física
Pacientes que fizeram o uso de arnica tiveram menor desgaste das articulações (7,1 pontos) comparado aos que foram tratados com ibuprofeno (7,5 pontos).
Cameron & Chrubasik, 2013
Arnica no tratamento de feridas, hematomas e contusões
A arnica está entre as plantas medicinais tradicionalmente utilizadas no tratamento de feridas, em hematomas e também em contusões na pele.
Estudo II
Potencial antioxidante
Com o intuito de identificar os efeitos terapêuticos da arnica, avaliou-se o extrato etanólico de Arnica montana e Arnica absinthium quanto à sua composição química, atividade antioxidante e efeito protetor contra o estresse oxidativo induzido por H₂O₂ em fibroblastos.
Como resultado
Em suma, os resultados mostraram que ambos os extratos apresentaram efeito significativo sobre o crescimento das células NCTC 10 – 100 mg/L (A. montana) e 10 – 500 mg/L (A. absinthium). Eles também protegem as células do fibroblasto contra danos oxidativos induzido pelo peróxido de hidrogênio, ambos na mesma dose.
Em princípio, o uso de extratos de A. montana e A. absinthium, ambos ricos em flavonoides e ácidos fenólicos, exibiram boa atividade antioxidante e efeito citoprotetor contra danos oxidativos em células de fibroblastos-like. Estes resultados fornecem suporte científico ao uso tradicional de ambas as espécies de arnica para tratamento de doenças de pele.
Craciunescu et al., 2012
Estudo III
Arnica na melhora de hematomas e contusões na pele
Em síntese, o estudo mostrou que a aplicação tópica de uma pomada com arnica a 20% pode conseguir reduzir os hematomas e contusões na pele, de modo mais eficaz do que o placebo e com maior eficácia do que a baixa concentração de vitamina K, tais como formulações de 1% de vitamina K com 0,3% de retinol. Para tal, voluntários saudáveis, com faixa etária 21 a 65 anos, foram inscritos para este estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo.
Em suma, os resultados mostraram
Em quatro contusões padrão de 7 mm de diâmetro cada, foram criadas nos braços internos superiores bilaterais, a 5 cm de distância, dois por braço, usando um corante de laser pulsado.
As pomadas foram aplicadas duas vezes ao dia nas contusões, por duas semanas. Um dermatologista não envolvido avaliou as contusões [escala visual analógica, 0 (menos) -10 (a maioria)] em fotografias padronizadas tiradas imediatamente após a formação da contusão e ao fim do tratamento.
Como resultado
Ao final da pesquisa, foi possível observar uma diferença significativa na mudança de pontuação do avaliador em relação aos hematomas associados aos quatro tratamentos. Em síntese, as comparações indicaram uma melhora significativa associada ao uso da arnica a 20% quando comparado ao uso de petrolato branco (placebo) todavia, os resultados foram ainda maiores quando comparado a aplicação da mistura de vitamina K a 1% + retinol a 0,3%.
Leu et al., 2010
Estudo IV
Arnica no cuidado com cordão umbilical de neonato
Recém-nascidos saudáveis recebem alta hospitalar de 48 a 72 horas após o nascimento e sendo também realizada a retirada do cordão umbilical. Em contrapartida, complicações em decorrência de um manuseio inadequado do cordão podem ocorrer, bem como, eritema, edema, sangramento, como também inflamação do umbigo (onfalite) e sepse.
Entretanto, a administração do pó de arnica e equinácea no tratamento do cordão umbilical (CU) foram avaliados, visando avaliar o tempo de descolamento do cordão e o risco de efeitos secundários em um grupo de 6323 recém-nascidos.
De acordo com os resultados
Foi possível perceber que o desprendimento do CU ocorreu em 89,09% dos recém-nascidos, durante os primeiros 4 dias de vida. Esta porcentagem aumenta para 96,13% em 6 dias. Esses dados demonstram a eficácia e os efeitos benéficos do pó de arnica e equinácea no descolamento do cordão.
Além disso, não foram identificadas infecções ou proliferação de bactérias nos bebês. O uso da arnica reduziu os custos hospitalares e por conseguinte as complicações com o manejo inadequado do cordão umbilical.
Perrone et al, 2012
Referências
Cameron M; Chrubasik S. Topical herbal therapies for treating osteoarthritis. Cochrane Database Syst Rev. 2013 May 31;5:CD010538.
Craciunescu O, Constantin D, Gaspar A, Toma L, Utoiu E, Moldovan L. Evaluation of antioxidant and cytoprotective activities of Arnica montana L. and Artemisia absinthium L. ethanolic extracts. Chem Cent J. 2012 Sep 9;6(1):97.
Ferrari FC, Ferreira LC, Souza MR, Grabe-Guimarães A, Paula CA, Rezende SA,Saúde-GuimarãesDA. Anti Inflammatory Sesquiterpene Lactones from Lychnophora trichocarpha Spreng. (BrazilianArnica). Phytother Res. 2013 Mar;27(3):384-89.
Leu S, Havey J, White LE, Martin N, Yoo SS, Rademaker AW, Alam M. Accelerated resolution of laser-induced bruising with topical 20% arnica: a rater-blinded randomized controlled trial. Br J Dermatol. 2010 Sep;163(3):557-63.
Perrone S, Coppi S, Coviello C, Cecchi S, Becucci E, Tataranno ML, Buonocore G. Efficacy of Arnica Echinacea powder in umbilical cord care in a large cohort study. J Matern Fetal Neonatal Med. 2012 Jul;25(7):1111-3.