Alopecia androgenética e seus danos à saúde
Alopecia androgenética (AGA) é a perda capilar relacionada a alterações nas concentrações de andrógenos, é caracterizada por um declínio progressivo e lento na densidade do cabelo e sua terapêutica é viável com inibidor de 5-alfa-redutase.
Folículos pilosos geneticamente predispostos são alvo de dihidrotestosterona (DHT), o que, leva à diminuição progressiva da quantidade destes e consequentemente, à queda de cabelo na terapêutica é utilizada a dutasterida e a finasterida.
(JNG et al., 2014; Cline et al., 2018; Ho et al., 2021)
Incidência da alopecia
Nos homens, a incidência da alopecia parece correlacionar-se com a idade, 50% dos homens caucasianos com 50 anos ou mais são afetados pela alopecia. Em virtude da idade 80% de pacientes com 70 anos desenvolvem alopecia.
Em contrapartida, no sexo feminino, essa desordem é bastante comum e com maior incidência após a menopausa.
(Cline et al., 2018; Ho et al., 2021)
A perda de cabelo na qualidade de vida
Primordialmente, a alopecia androgenética provoca danos psicológicos para ambos os sexos, mas é substancialmente mais angustiante para as mulheres, devido as alterações que provoca na aparência, impactanto na auto estima.
Devido ao aumento da incidência de AGA e preocupações elevadas sobre a aparência estética na sociedade moderna, o tratamento para essa condição é uma das grandes demandas atuais.
Alopecia androgenética
Alopecia androgenética é uma condição que aco mete homens e mulheres, normalmente está ligada a predisposição genética e é provavelmente devido a uma resposta excessiva ao andrógeno, pode ocorrer em crianças, adolescente e mulheres jovens portadoras da síndrome do ovário policístico (SOP).
Todavia, alguns fatores podem desencadear, como por exemplo, o envelhecimento, principalmente a partir de 40 anos e também 40% das mulheres com mais de 70 anos.
A alopecia é um distúrbio geneticamente predeterminado devido à resposta excessiva aos andrógenos que afeta até 50% dos homens e mulheres.
(Bhatti, Basra & Patel, 2013; Ho; Sood & Zito, 2021)
Alopecia padrão masculino
De fato, nos homens, a perda de cabelo é mais proeminente no vértice e nas regiões frontotemporais ilustrado na figura 1 , enquanto nas mulheres a linha do cabelo frontal é normalmente poupada com perda de cabelo nas areas laterais, primordialmente.
Figura 2- Perda de cabelo padrão masculino
Ho; Sood & Zito, 2021
Perda de cabelo padrão feminino (FPHL)
Primoridalmente, a queda de cabelo de padrão feminino (FPHL) é a forma mais comum de alopecia em mulheres, como ilustrado na figura 2. Inegavelmente, o diagnóstico e o início do tratamento precoce, são necessários para maior eficácia e também para evitar a progressão da queda capilar.
Figura 2- Ilustração da perda de cabelo padrão feminino
Fabbrocini et al., 2018
A FPHL caracteriza-se como uma alopecia difusa não cicatricial que evolui a partir da miniaturização progressiva dos folículos pilosos e tem, por conseguinte, a redução do número de fios, principalmente nas regiões central, frontal e parietal do couro cabeludo.
Além disso, pacientes com AGA têm síntese aumentada de diidrotestosterona e concentrações mais altos de 5 alfa-redutase e também de receptores androgênicos no couro cabeludo.
Beltadze & Barbakadze, 2015; Cranwell et al., 2016; Fabbrocini et al., 2018; Ho; Sood & Zito, 2021
Altas concentrações de 5 alfa-redutase e inibidor de 5-alfa-redutase
Normalmente, existem duas isoformas principais da enzima 5 alfa-redutase. A 5 alfa-redutase atua primordialmente na conversão da testosterona em DHT (diidrotestosterona), e esta de fato possui alta afinidade pelo receptor de andrógeno.
2 isoformas da 5 alfa-redutase
A 5 alfa-redutase tipo II desempenha um importante papel na alopecia androgenética, localiza-se, especialmente, nos tecidos da bainha radicular externa dos folículos pilosos, no epidídimo, no ducto deferente, nas vesículas seminais e na próstata.
Já a 5 alfa-redutase tipo I localiza-se primordialmente, nas glândulas sebáceas, nos queratinócitos e nas glândulas sudoríparas.
Fases do ciclo capilar
Conforme observações do desenvolvimento capilar, menos de 5% encontram-se na fase catágena, e o restante está envolvido na fase telógena, contudo a perda de até 100 fios diariamente (exógeno) é tida como normal.
Pesquisas apontam que de 80 a 90% dos fios capilares estão na fase anágena que tem duração de 2 a 6 anos e determina, principalmente, o comprimento do cabelo.
De acordo com a fisicologia, o ciclo capilar consiste em quatro fases:
- Anágena (crescimento)
- Catágena (involução)
- Telógena (repouso)
- Exógena (queda de cabelo)
Funcionamento do ciclo capilar e a alopecia androgenética
Decerto, o cabelo é perdido e substituído ciclicamente. Os folículos sofrem fases cíclicas correspondentes de crescimento, involução, quiescência e regeneração a fim de preencher os espaços e falhas que ocorrem no couro cabeludo.
Figura 4- Fases do ciclo capilar
Cranwell et al., 2016
Como o alongamento do cabelo é relativamente constante em 1 cm por mês, a duração da fase de crescimento é o principal determinante do comprimento final do cabelo. No final da fase anágena, a fase de involução (catágena) dura algumas semanas. O período de quiescência do folículo piloso (telógeno) que se segue dura aproximadamente 3 meses e assim, sucessivamente, como ilustrado na figura 4.
Relação dos andrógenos com a alopecia androgenética
Em princípio, é sugerido que a ativação do receptor de andrógeno (AR) encurta a fase anágena do ciclo capilar (crescimento). Com efeito na alopecia androgenética (AGA), a ativação excessiva do AR leva à miniaturização folicular (figura 3) através de encurtamento da fase anágena de forma progressivamente, tendo como resultado, folículos pilosos mais finos e mais curtos.
Figura 4- Miniaturização folicular devido a ação de andrógenos
Cranwell et al., 2016
Yim et al., 2014; Cranwell et al., 2016; Fabbrocini et al., 2018; Ho; Sood & Zito, 2021
Terapêutica com inibidor de 5-alfa-redutase
As abordagens terapêuticas pode envolver diferenciadas mecanismos, todavia, a alopecia androgenética tem a ncessidade de alternativas terapêuticas para intervir na atividade da 5 alfa-redutase. No tratamento tem-se a utilização de antagonistas de alta seletividade da 5 alfa-redutase tipo II.
Mecanismo de ação de inibidor de 5-alfa-redutase
Sua ação se dá por meio de inibição da 5-alfa-redutase I e II, uma das enzimas responsáveis pela conversão de testosterona para diidrotestosterona (DHT), reduzindo a perda de cabelo.
Decerto, os inibidores de 5 alfa- redutase, ligam-se irreversivelmente à enzima e inibe a conversão da testosterona em diidrotestosterona, como por exemplo, os fármacos finasterida e dutasterida.
Yim et al ., 2014; Boersman et al ., 2014; Cranwell et al ., 2016
Opções terapêuticas com inibidor de 5-alfa-redutase
A finasterida é uma droga muito utilizada na prevenção e tratamento da calvície masculina, e ela inibe apenas a 5-alfa-redutase tipo II, em contrapartida, a dutasterida inibe a 5-alfa-redutase tipo I e II, e tem uma eficácia bem estabelecida no tratamento da alopecia androgenética em homens.
Inicialmente, a prescrição de finasterida e dutasterida para a alopecia feminina parte da premissa de que a queda de cabelo resulta do mesmo processo que ocorre no sexo masculino. A redução da espessura e perda do cabelo pode ser interrompida ou revertida pela utilização de inibidores da 5-alfa-redutase.
Descobertas recentes demonstram que a finasterida e dutasterida são eficazes no tratamento da AGA e também podem ser administrados por via oral, tópica e mais recentemente, através de mesoterapia.
Resultados altamente satisfatórios só podem ser alcançado com tratamento prolongado, pois, aumento da densidade e quantidade de fios, requer tratamento de manutenção
Finasterida e dutasterida como inibidor de 5-alfa-redutase
Sobretudo, a dutasterida é aproximadamente três vezes mais potente do que a finasterida na inibição do 5-alfa-redutase II, e 100 vezes na inibição da 5-alfa-redutase I.
Possíveis reações adversas
Há uma grande discussão sobre os efeitos colaterais ao fazer a utilização da finasterida e da dutasterida.
Entretanto, os estudos demostram que os efeitos colaterais, principalmente sexuais (impotência sexual e diminuição da libido) são os mais comuns e resolvem-se espontaneamente na maioria dos pacientes, mesmo sem a interrupção da terapia.
A fim de evitar efeitos teratogênicos, recomenda se que, tanto finasterida quanto a dutasterida, devem ser prescritos apenas para mulheres que não podem ou não querem mais engravidar.
Caso esteja em idade fértil, deve tomar medidas contraceptivas adequadas e o acompanhamento médico visa acompanhas as pacientes e os cuidados quanto as medidas contraceptivas.
Boersman et al ., 2014
Estudo
Terapêutica da alopecia androgenética com inibidor de 5-alfa-redutase
Boersma e colaboradores (2014) realizaram um estudo de 2002 a 2012 com cerca de 3500 mulheres com diagnóstico de alopecia androgenética. Foram prescritos finasterida 1,25 mg ou 0,15 mg de dutasterida sendo que a faixa etária dos pacientes era de 16 a 84 anos.
Conforme as imagens microscópicas, que foram padronizadas em três locais do couro cabeludo dos cabelos mais finos, a comparação ocorreu de acordo com imagens do início do tratamento e após 3 anos de ingestão de medicação contínua. Realizou se uma amostragem obedecendo aos seguintes critérios:
- O diagnóstico clínico de alopecia androgenética grau 1 ou grau 2 confirmada pela presença de cabelos finos na fotografia microscópica.
- O tratamento continuado durante pelo menos 3 anos, avaliados pelo enchimento regular da prescrição.
Resultados
- Aumento da espessura do cabelo com uso de finasterida foi de 81,7%;
- Aumento da espessura do cabelo com dutasterida foi de 83,3%;
- Em média, o número de imagens de pós-tratamento classificados como melhora da densidade foi de 68,9% no grupo de finasterida e 65,6% no grupo dutasterida, após 3 anos de tratamento;
- A dutasterida 0,15 mg parece ser significativamente mais eficaz em mulheres com menos de 50 anos de idade;
- De acordo com os resultados a dutasterida mostrou resultados melhores e preferencialmente pode ser prescrito para as mulheres mais jovens.
Pacientes com alopecia androgenética tratados inibidor de 5-alfa-redutase
Um estudo demonstrou que 30% a 50% dos pacientes com alopecia androgenética (AGA) tratados com finasterida não obtiveram melhora clínica. É importante ressaltar que a não perda de cabelo é também um efeito terapêutico da finasterida, embora a expectativa do paciente para o tratamento não é apenas a manutenção do grau de Alopecia, mas sim a melhora do quadro (JUNG et al., 2014).
Um estudo realizado por Jung et al. (2014) verificou a eficácia clínica e tolerabilidade da dutasterida em homens com alopecia androgenética que não apresentavam melhora clínica ao tratamento convencional com finasterida.
35 homens com Alopecia androgenética que não tinham mostrado melhora clínica significativa quando tratados com finasterida 1 mg/dia por pelo menos seis meses receberam dutasterida a uma dose de 0,5 mg/dia durante seis meses.
A eficácia foi avaliada através de uma avaliação global e fotografia fototricograma. A avaliação da segurança foi realizada por meio de exame físico e relatório de eventos adversos.
Resultados
Dos 31 pacientes que completaram o tratamento 24 (77,4%), pacientes obtiveram melhora sendo:
- 17 melhora ligeira;
- 6 melhora moderada;
- 1 melhora acentuada;
- 7 (22,6%) não obtiveram melhora significativa;
- A densidade e a espessura do cabelo aumentou significativamente de 10,3% a 18,9%, respectivamente, na avaliação fototricograma;
- Os efeitos colaterais incluíram disfunção sexual transitória em apenas 6 pacientes (17,1%);
- A dutasterida é uma boa opção aos pacientes com alopecia androgenética que não respondem clinicamente a finasterida após 6 meses de uso.
Finasterida e dutasterida são potentes inibidores de 5 alfa- redutase tanto ao uso oral quanto tópico na terapêutica da alopecia androgenética
Referências
Beltadze K, Barbakadze L. Características diagnósticas da síndrome dos ovários policísticos em adolescentes (revisão). Georgia Med News. 238, 32-4, 2015.
Preço VH. Alopecia androgenética em adolescentes. Cutis. 71, 115-21, 2003.
Boersma IH, Oranje AP, Grimalt R, Iorizzo M, Piraccini BM, Verdonschot EH1 .A eficácia da finasterida e dutasterida usada por 3 anos em mulheres com alopecia androgenética. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 80(6), 521-25, 2014.
Blume-Peytavi U, Blumeyer A, Tosti A, Finner A, Marmol V, Trakatelli M, et al. Diretriz S1 para avaliação diagnóstica na alopecia androgenética em homens, mulheres e adolescentes. Br J Dermatol. 164, 5-15, 2011.
Cranwell W, Sinclair R. Alopecia Androgenética Masculina. [Atualizado em 29 de fevereiro de 2016]. In: Feingold KR, Anawalt B, Boyce A, et al., editores. Endotexto [Internet]. South Dartmouth (MA): MDText.com, Inc.; 2020
Fabbrocini, G., Cantelli, M., Masarà, A., Annunziata, MC, Marasca, C., & Cacciapuoti, S. (2018). Perda de cabelo de padrão feminino: uma revisão clínica, fisiopatológica e terapêutica. Revista Internacional de Dermatologia Feminina , 4 (4), 203-211.
Ho CH, Sood T, Zito PM. Alopecia Androgenética. [Atualizado em 15 de novembro de 2021]. In: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): Publicação StatPearls; 2022 janeiro-.
Jung JY, Yeon JH, Choi JW, Kwon SH, Kim BJ, Youn SW, Park KC, Huh CH. Efeito da dutasterida 0,5 mg/d em homens com alopecia androgenética recalcitrante à finasterida. Int J Dermatol. 53(11), 1351-57, 2014.
Yim, Elizabeth; Nole, Katherine L. Baquerizo; Tosti, Antonela. Inibidores da 5α-redutase na alopecia androgenética. Curr Opin Endocrinol Diabetes Obes. 21(6), 493-98, 2014.