Eficácia dos filtros solares brasileiros

A PROTESTE  volta a questionar a eficácia dos filtros solares vendidos no mercado brasileiro

O objetivo desse Post é apresentar uma discussão sobre o mercado de fotoprotetores no Brasil. Pois esse assunto será muito discutido nas próximas semanas.

PROTESTE – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor é uma entidade civil sem fins lucrativos, apartidária, independente de governos e empresas, que atua na defesa e no fortalecimento dos direitos dos consumidores brasileiros, fundada em 16 de julho de 2001. Disponível em <http://www.proteste.org.br/institucional> Acesso em: 28/11/2012

A Proteste publicou em dezembro de 2009 o resultado de uma avaliação sobre dez marcas de protetores de FPS 30 loção.  Na ocasião a Proteste afirmou que 8 delas falharam quanto a eficácia.

Discussões…

Essa publicação gerou muita discussão, foi muito questionada principalmente pelos fabricantes. Na época a Sociedade Brasileira de Dermatologia fez um comunicado aos seus associados:

“…Recebemos na data de 03-12-2009, Carta-ofício encaminhada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor tecendo explicações sobre o teste realizado com o produto “protetor solar”. Salienta-se, no entanto, que não tivemos acesso às análises técnicas efetuadas que serviram como base para os resultados publicados. Em relação aos principais dados apresentados, a Sociedade Brasileira de Dermatologia apresenta sua posição….”….

“…Por fim, frisamos a importância da população se proteger do sol, através do uso de bonés, roupas e filtros solares. O uso adequado de filtro solar continua sendo recomendado para a prevenção do dano actínico agudo e crônico, particularmente na prevenção do câncer cutâneo…” Disponível em <http://www.sbd.org.br/medicos/atualidade/Noticia.aspx?cod_Noticia=398&Ano=2009> Acesso em: 28/11/2012

Agora a Proteste Saúde, n°15 de dezembro 2012 publica  novos testes,  questionam a eficácia de filtros solares vendidos no mercado brasileiro.

Testou se  dez marcas de fotoprotetores de uso adulto, duas têm menos da metade do FPS  declarado no rótulo, segundo teste laboratorial encomendado pela Proteste.

A avaliação incluiu produtos das marcas L’Oreal, La Roche-Posay, O Boticário, Coppertone, Cenoura&Bronze, Sundown, Avon, Nivea, Banana Boat e Red Apple, todos com FPS 30.

As fabricantes contestam novamente o resultado e questionam a metodologia empregada.

Os produtos foram submetidos a uma análise in vitro para checar o fator de proteção, além de passarem por testes de irritabilidade da pele, fotoestabilidade, hidratação, rotulagem e desperdício causado pela embalagem.

Segundo a Proteste, os produtos Nivea Sun e Banana Boat foram os piores no quesito FPS. Os produtos têm fator de proteção 13 e 10, respectivamente, em vez de 30.

“OUTRO LADO  

A Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) afirmou, em nota, que “refuta mais uma vez os dados sensacionalistas divulgados pela Proteste”. Em 2009, a entidade havia publicado um teste semelhante.

Ainda segundo a nota, a avaliação é “pífia” e usa métodos não reconhecidos. Segundo a associação, a publicação é um ataque ao setor de cosméticos do Brasil.

A Nivea afirma que seus produtos são testados na Alemanha seguindo protocolos internacionais de qualidade e que discorda dos resultados da Proteste. Em nota, a empresa informa que não teve acesso ao estudo na íntegra e por isso não pôde avaliar os métodos usados.

A Energizer, que produz o Banana Boat, afirma que ainda vai revisar os dados enviados pela reportagem. “A empresa cumpre as normas de certificação da Anvisa.”

A La Roche-Posay diz que todos os dados contidos no rótulo de seu filtro solar foram comprovados em testes feitos com metodologias aprovadas pela Anvisa e que desconhece os métodos usados pela Proteste.

Segundo a empresa, o filtro Anthelios Hélioblock já apresenta uma relação entre proteção UVA e UVB maior do que a exigida pelos padrões europeus, “embora essa recomendação entre em vigor no Brasil só a partir de 2014”.

O Boticário declarou cumprir todos os requisitos da legislação vigente.

A Avon afirma que garante a segurança e a eficácia de todos os seus produtos, realizando os testes aprovados pelas entidades reguladoras.

O laboratório Schering Plough, detentor da marca Coppertone no Brasil, declarou que todos os produtos são aprovados com rigor científico e obedecem a padrões nacionais e internacionais.

Em nota, a Cenoura&Bronze afirma seguir os padrões exigidos pela Anvisa e que sua linha com FPS 30 foi submetida recentemente a testes que comprovaram a eficácia do produto.

A Kimberly-Clark Brasil, que detém a marca Huggies Turma da Mônica, afirma que avalia seus produtos periodicamente, para manter seus padrões de qualidade e atender aos requisitos da Anvisa.

A Sundown, da Johnson &Johnson, declarou que seus produtos passam por testes em instituições idôneas.

A Red Apple e a L’Oreal foram procuradas, mas não se pronunciaram.”

Disponível em folha UOL

O que a Anvisa esta fazendo para garantir proteção da saúde pública?

A Anvisa publicou em 1 de junho 2012 uma resolução ( rdc 30)  que  estabelece as definições, os requisitos técnicos, os critérios de rotulagem e os métodos de avaliação de eficácia relacionados a produtos protetores solares e produtos multifuncionais . O objetivo é assegurar a eficácia dos protetores solares garantindo um elevado nível de proteção da saúde pública e estabelecer critérios de rotulagem simples e compreensíveis para orientar o consumidor na escolha do produto adequado.

O problema para o consumidor é que as indústrias tem um prazo até 30 de junho 2014 para adequar a fabricação dos fotoprotetores e depois disso pode  existir para comercializar ( produto com fabricação anterior essa data) até o vencimento.

Principais pontos:

ROTULAGEM

– Na rotulagem principal (primária e secundária) do produto para proteção solar é obrigatório indicar de forma destacada o número inteiro de proteção solar precedido da sigla “FPS”, ou das palavras “Fator de Proteção Solar”.

–  O número correspondente ao FPS deve ser determinado de acordo com uma das metodologias estabelecidas neste Regulamento.

–  Deve constar da embalagem a Denominação de Categoria de Proteção (DCP) informada na Tabela 1.

Esse ponto é um dos mais importantes para o consumidor, pois garante uma proteção mínima e equilíbrio entre a proteção UVA e UVB :

Atendendo ao estabelecido na Tabela 1, os protetores solares devem cumprir com os seguintes requisitos:

a) FPS ( fotoproteção solar para radiação UVB) de no mínimo 6;

b) FPUVA ( fotoproteção solar para radiação UVA) cujo valor corresponda a, no mínimo, 1/3 do valor do FPS declarado na rotulagem;

c) Comprimento de onda crítico mínimo de 370 nm.

Fonte: RDC 30/2012

Leia na íntegra a rdc 30 1 junho 2012

Assim como no Brasil, os Estados Unidos  até pouco tempo atrás, os rótulos dos filtros solares  variavam muito, confundindo os consumidores em relação à eficácia e à fotoprotecção apropriado fornecido pelos seus produtos. Em 14 de junho de 2010, a FDA anunciou mudanças significativas para produtos de proteção solar. A regra final foi eficaz em 18 de junho de 2012.

O objetivo é garantir a segurança, eficácia e rotulagem, pois os protetores solares são devidamente rotulados e testados, fornecendo maior proteção ao consumidor contra os danos da pele causada pela exposição excessiva ao sol.

WILSON, Brummitte Dale ; MOON, Summer; ARMSTRONGAND, Frank .Comprehensive Review of Ultraviolet Radiation and the Current Status on Sunscreens.J Clin Aesthet Dermatol 2012 Setembro, 5 (9):. 18-23.

Compreenda o que é PPD:

Apesar de não haver um consenso internacional sobre a metodologia mais apropriada para avaliação da eficácia fotoprotetora para UVA, a metodologia PPD têm sido a mais indicada, por ser avaliada in vivo e também por sua reprodutibilidade. Este método utiliza um simulador solar (ou equivalente) com uma lâmpada de arco de xenônio de saída definida e conhecida. Uma área da pele (restrita à área das costas entre a cintura e a linha do ombro) de cada indivíduo é exposta à radiação UVA sem qualquer proteção, e outra área é exposta após a aplicação de um produto de proteção solar. Aumentando progressivamente a dose de UV, graus variados de pigmentação são gerados. Estas pigmentações são avaliadas visualmente pela intensidade do bronzeado e bordas claramente definidas, 2 a 4 horas após a radiação UVA, pelo julgamento de um avaliador treinado. A dose pigmentar mínima (DPM) para a pele desprotegida (DPMu) e a dose pigmentar mínima obtida após a aplicação de um produto de proteção solar (DPM para a pele protegida, DPMp) deve ser determinada no mesmo voluntário.

AUTO INDICAÇÃO

Segundo o estudo realizado em Recife, baseado em 500 questionários a auto indicação corresponde  41,1% da fonte de orientação para  escolha do protetor solar , que representa um grande risco para a saúde pública.

Fonte:  HORA, BATISTA, GUIMARÃES, SIQUEIRA & MARTINS ,Avaliação do conhecimento quanto a prevenção do câncer da pele e sua relação com exposição solar em freqüentadores de academia de ginástica, em Recife.An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 78(6):693-701, nov./dez. 2003.

 É fundamental consultar o dermatologista antes de escolher o filtro solar.

Outro problema grave é técnica de aplicação e quantidade  de fotoprotetor aplicada sobre a pele.

Devido a desinformação da população a quantidade do fotoprotetor aplicada na pele  é menos da metade da quantidade ideal testada em laboratório para que o produto garanta o FPS designado no rótulo.Lembrando que muitas vezes   alguns locais expostos são geralmente esquecidos durante a aplicação como orelhas, nuca e dorso dos pés.

Para ter a mesma proteção da especificação do rótulo é necessário aplicar 2mg/cm2, em torno de 35ml por aplicação para todo corpo de pessoa de 1,70m2 , ou seja,  1 vidro de filtro solar com 200ml daria para 5 aplicações apenas……

 

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