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Terapia de reposição hormonal

As mudanças hormonais associadas à perimenopausa e a menopausa levam a uma grande variedade de sintomas que podem afetar negativamente a qualidade de vida das mulheres.

Os sintomas associam-se pincipalmente a

  • Ondas de calor (fogachos)
  • Suores noturnos
  • Ressecamento do cabelo e da pele
  • Fragilidade emocional
  • Pouca concentração
  • Distúrbios do sono

Estes sintomas somam-se a atrofia vaginal, que por sua vez é causado pela redução da secreção através do epitélio vaginal e das secreções glandulares cervicais, causadas pela diminuição de estrogênio na pós-menopausa.

Filis et al., 2011; Kokot-Kierepa et al., 2012

O que é a terapia de reposição hormonal

A terapia de reposição hormonal (TRH), é a forma de compensar a perda de hormônios, principalmente no estrogênio no período da menopausa pelo público feminino. A inserção de estrogênio na terapêutica é efetiva e bem tolerada para amenizar os sintomas da menopausa.

As formulações compostas para reposição de estrogênio, possui 2 ou 3 formas que são “bioidênticas” e estes são, semelhante aos encontrados em humanos (estradiol, estrona e estriol).

As associações de 3 formas diferentes de estrogênio (tri-estrogênio (tri-est)), é uma preparação hormonal composta por uma associação de estriol 80%, estrona 10% e estradiol 10%, e a(bi-estrogênio (bi-est)) contém estriol e estradiol em uma razão de 8:1 ou 9:1. Estas duas formulações são, geralmente, prescritas para administração via oral, transdérmica e/ou preparações vaginais.

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Filis et al., 2011

O que são hormônios bioidênticos

Os “hormônios bioidênticos” são estruturas moleculares idênticas aos hormônios endógenos, como o 17β-estradiol, estrona (E1), estriol (E3), progesterona e testosterona.

Em síntese, estes podem ser confundidos muitas vezes com a “terapia combinada personalizada” que é a utilização de uma associação de hormônios numa mesma formulação, buscando sempre a individualização e personalização da terapêutica de acordo com as, características e necessidades de cada paciente.

Por outro lado, os hormônios bioidênticos e os não-bioidênticos podem apresentar significativas diferenças nos resultados do tratamento, conforme as suas características, pois, para que haja efeito farmacológico, um sítio de ação (receptor) deve ter interatividade e afinidade pelo  fármaco/hormônio relacionado, dessa maneira, tais diferenças parecem serem as responsáveis pelas distinções em termos de eficácia e segurança entre os hormônios bioidênticos sobre os não-bioidênticos.

Holtorf, 2009; Pattimakiel & Thacker, 2011

Resultados da terapia hormonal nos sintomas da menopausa

Estudo I

17β-estradiol e progesterona sobre os sintomas das menopausa

De acordo com estudo desenvolvido por Formby (2011) avaliou-se a eficácia da combinação bioidêntica de 17β-estradiol e progesterona em base transdérmica (base lipofílica) no alívio dos sintomas da menopausa, por um período de 6 meses. Em suma, elas foram avaliadas 29 mulheres com sintomas típicos do climatério. Elas utilizaram 4 formulações com diferentes doses hormonais, em um ciclo de 4 semanas na seguinte posologia:

  • 0,05mg/mL de 17β-estradiol mais 25mg/ml de progesterona administrados diariamente, durante a primeira semana de tratamento
  • 0,30mg/mL de 17β-estradiol mais 50mg/mL de progesterona durante a segunda semana
  • 0,20mg/mL de 17β-estradiol mais 100mg/mL durante a terceira semana
  • 0,10mg/mL de 17β-estradiol mais 100mg/mL de progesterona durante a quarta semana.

As pacientes foram orientados a aplicar 1 mL do creme em uma área específica de, aproximadamente, 20cm2. Foram feitas também identificadas  as concentrações séricas de 17β-estradiol e de progesterona na saliva e no sangue, um dia antes da primeira aplicação do creme, e após 3 e 6 meses de aplicação.

Como resultado

  • Foi percebida uma melhora dos sintomas no climatério em 93% das mulheres quando comparado antes e após 3 e 6 semanas de tratamento
  • Os valores de 17β-estradiol na saliva aumentaram, após 6 meses, de 0,6 ± 0,3 pg/mL para 14,1± 3,3 pg/mL
  • Com efeito, no plasma sanguíneo os valores de 17β-estradiol aumentaram de 3,3 ± 2,8 pg/mL para 80,6 ± 21,9 pg/mL
  • Decerto, 88% das pacientes apresentaram alívio dos sintomas por completo
  • Após 6 horas da aplicação tópica, na avaliação pela via salivar, os 2 hormônios apresentaram concentrações máximas.

Em conclusão

Em suma, os resultados mostraram a importância fisiológica do estudo é realçada pelas concentrações na saliva, obtidos na segunda semana, que mimetizam os níveis séricos máximo de estradiol. Foi  também apontado que a associação de hormônios biodênticos pode ser vantajosa, pois, mimetiza o perfil secretório de 17β-estradiol e progesterona em mulheres, mas também pode ser uma terapêutica relevante no tratamento de sintomas da menopausa.

Formby, 2011

Estudo II

Aplicação tópica de estriol na melhora de sintomas da menopausa

Ademais, estudos avaliaram a melhora dos sintomas e da atrofia vaginal, com a administração tópica de 1g de gel vaginal contendo 50µg de estriol comparado placebo, em mulheres na pós-menopausa, com aplicação diária por 3 semanas, seguida de aplicação duas vezes por semana, por 12 semanas. Foi também realizado exame vaginal citológico e verificação do pH vaginal.

Teve como resultado

Após 12 semanas de administração da terapêutica, com efeito houve, nível de  estriol superior comparado ao placebo e também foi observada mudança do pH vaginal (p<0,001), tendo por conseguinte, melhora da secura vaginal (P=0,001) bem como no score dos sintomas vaginais (P=0,018).

Em conclusão

A administração do gel de estriol também mostrou ser superior na melhora dos sinais vaginais com significativos resultados sobre a terapêutica para melhorar a atrofia vaginal.

Cano et al., 2012

Estudo III

Aplicação de estriol e  progesterona na terapêutica da menopausa

Um estudo com 19 mulheres, na pós-menopausa e com vaginite atrófica, realizaram tratamento primordialmente, diariamente com supositório vaginal contendo estriol (1 mg) e progesterona (30 mg) por duas semanas, sendo alterado a terapêutica para aplicações 3 vezes semanais, por um total de 6 meses.

Em síntese, os resultados apontaram

Ademais, os resultados mostram que o Índice de Maturação Vaginal (IMV), o pH e a secura vaginal melhoraram significativamente aos 3 e 6 meses de tratamento, tendo por consequência, melhora da qualidade de vida das mulheres melhorou e por conseguinte da atividade sexual. A terapêutica mostrou-se segura e não houve nenhum caso de hiperplasia endometrial ao completar 6 meses da aplicação.

Em conclusão

Os resultados apontaram que a administração intravaginal do supositório mostrou-se segura, desse modo, pode ser considerada uma alternativa de TRH.

Chollet et al., 2009

Fitoterápicos podem auxiliar na melhora de sintomas da menopausa

De acordo com estudo, desenvolvido por Van Die e colaboradores (2009) mostrou a efetividade da combinação de Hypericum perfuratum e Vitex agnus-castus na melhora dos sintomas da perimenopausa comparada ao placebo. O tratamento foi conduzido por 16 semanas, e ao final deste período realizada a análise.

Os resultados apontam

Ao final deste período, as análises mostraram que a associação de H. perfuratum + V. agnus-castus mostrou resultados superiores ao placebo, tendo primordialmente, na melhora da depressão (P=0,003) e também na hidratação. Os resultados do estudo sugerem que o uso de fitoterâpicos  em mulheres na perimenopausa pode favorecer a redução de variados sintomas.

Desordem do desejo sexual hipoativo na menopausa

Em princípio, a disfunção sexual feminina é uma desordem clínica comum, principalmente na menopausa, e a forma mais comum é o distúrbio do desejo sexual hipoativo (HSDD), e pode estar ligada primordialmente ao declínio de estrogênio.

Estudos apontam o benefício da utilização de plantas medicinais no tratamento da mesma, e também dos sintomas vasomotores. Entre os fitoterápicos estão, tanto aqueles para tratar o transtorno da excitação quanto aqueles para a terapêutica da disfunção sexual:

  • Ferula hermonis
  • Angelica sinensis
  • Gingko biloba
  • Cimicifuga racemosa
  • Trifolium pratense
  • Vitex agnus-castus
  • Humulus lupulus
  • Tribulus terrestris.
Mazaro-Costa et al., 2010

Terapêutica de desordem do desejo sexual em mulheres na menopausa

Uso de testosterona em mulheres na menopausa

Conforme, dados de um estudo conduzido por White e colaboradores (2012), em síntese, o estudo mostra que a aplicação de gel hidroalcólico com testosterona a 1%, em mulheres na pós menopausa com HSDD e também predisposição para alto risco cardiovascular.

O objetivo do estudo foi de demonstrar que o risco cardiovascular com o uso do gel, não é diferente do placebo, e foi seguro para esse perfil de pacientes. Além disso, definiu critérios de segurança, de acordo com o FDA.

Logo, o FDA considera o gel como seguro se o limite superior de 97,2% de IC (intervalo de confiança) da taxa de risco é < 2,0% ou o limite superior de 97,2% de IC para uma diferença absoluta entre as taxas de eventos cardiovasculares por 100 pessoas é <1,0%, e se a taxa de risco observada for <2,0%.

Estudo IV

Aplicação tópica de testosterona

Um estudo duplo cego, controlado por placebo, realizado com 261 mulheres com relatos de diminuição da satisfação na atividade sexual, e com níveis de testosterona livre no soro pela manhã menor que 1,1pg/mL, avaliou a utilização exógena de testosterona na melhora destes sintomas. Para tal, foi realizada a aplicação de 3 diferentes doses (56µL, 90µL ou 2 aplicações de 90µL) com uso de spray transdérmico com dosador por 16 semanas ou placebo.

Avaliou-se número médio de autorelatos de eventos sexuais satisfatórios (ESS) por mais de 28 dias, e também o número total de eventos sexuais (a cada 4 semanas), Escala Sabbatsberg Sexual Self-Rating (ESSSR) e o Índice Psicológico Geral de Bem-Estar (IPGH) e as variáveis ​​de segurança.

Resultados mostraram

  • Os resultados mostram que o número médio de ESS ao longo de 28 dias na semana 16 foi, significativamente, maior nas mulheres tratadas com a dose intermediária de testosterona (90 µL) comparado com as mulheres tratadas com placebo
  • A freqüência de ESS em mulheres tratadas com altas e baixas doses de testosterona não diferiu das mulheres que receberam placebo
  • 95% das mulheres tratadas com uma dose de 90µL de testosterona apresentaram concentrações séricas de testosterona livre < que o limite valor de referência para as mulheres.

Conclusão

De acordo com o estudo, a dose de 90µL diária de testosterona transdérmica foi considerada adequada para a melhora da satisfação sexual (autorelatodo pelas mulheres na pré-menopausa) com libido reduzida. Além disso, a taxa de ESS com doses altas e baixas de testosterona não mostrou diferença comparado ao grupo placebo.

Davis et al., 2008a

Estudo V

Semelhantemente, outro estudo envolvendo 814 mulheres, com desordem do desejo sexual hipoativo foram divididas para receber patch com 150 ou 300mcg de testosterona ou placebo diariamente. A eficácia do tratamento foi analisada após 24 semanas de tratamento, em contrapartida, a segurança foi avaliada por um período acima de 52 semanas. µ

Resultados apontam

  • Ao fim de 24 semanas, houve aumento da frequência de episódios de satisfação sexual, sendo significativamente maior no grupo que recebeu 300 µg de testosterona comparado ao grupo placebo, todavia, não houve alteração no grupo que recebeu 150 µg por dia
  • Quando comparado ao placebo, ambas as doses de testosterona (150 µg ou 300 µg) mostraram como resultado, aumento significativos de desejo.
  • Além disso, mostrou também efeito positivo na diminuição da angústia.

Primordialmente, os principais efeitos adversos foram

  • A taxa de eventos adversos androgênicos deu-se conforme a dose no aumento do crescimento de cabelo (hipertricose)

Ademais, foi maior no grupo que recebeu 300 µg de testosterona do que no grupo placebo (30% x 23,1%). Assim, a terapia com testosterona é uma alternativa para melhorar o desejo e a satisfação sexual em mulheres na pós menopausa

Davis et al., 2008b; Panayet al., 2010

Referências

Cano A, et al. The therapeutic effect of a new ultra low concentration estriol gel formulation (0.005% estriol vaginal gel) on symptoms and signs of postmenopausal vaginal atrophy: results from a pivotal phase III study. Menopause. 2012 Oct;19(10):1130-9.

Chollet JA, et al. Efficacy and safety of vaginal estradiol and progesterone in postmenopausal women with atrophic vaginitis. Menopause. 2009 Sep-Oct;16(5):978-83.

Davis SR, et al. Safety and efficacy of a testosterone metered-dose transdermal spray for treating decreased sexual satisfaction in premenopausal women: a randomized trial. Ann Intern Med. 2008a Apr 15;148(8):569-77.

Davis SR, et al. Testosterone for low libido in postmenopausal women not taking estrogen. N Engl J Med. 2008b Nov 6;359(19):2005-17.

Files JA, Ko MG, Pruthi S. Bioidentical hormone therapy. Mayo Clin Proc. 2011 Jul;86(7):673-80.

Formby B, Schmidt F. Efficacy of biorhythmic transdermal combined hormone treatment in relieving climacteric symptoms: a pilot study. Int J Gen Med. 2011 Feb 28;4:159-63.

Holtorf K. The bioidentical hormone debate: are bioidentical hormones (estradiol, estriol and progesterone) safer or more efficacious than commonly used synthetic versions in hormone replacement therapy? Postgrad Med. 2009 Jan; 121 (1): 73-85.

Kokot-Kierepa MBartuzi AKulik-Rechberger BRechberger T. Local estrogen therapy–clinical implications–2012 update. Ginekol Pol. 2012 Oct;83(10):772-7.

Mazaro-costa R, et al. Medicinal plants as alternative treatments for female sexual dysfunction: utopian vision or possible treatment in climacteric women? J Sex Med. 2010 Nov;7(11):3695-714.

Pattimakiel LThacker HL. Bioidentical hormone therapy: clarifying the misconceptions. Cleve Clin J Med. 2011 Dec; 78(12):829-36.

Van Die MD, et al.   Effects of a combination of Hypericum perforatum and Vitex agnus-castus on PMS-like symptoms in late-perimenopausal women: findings from a subpopulation analysis.  J Altern Complement Med. 2009 Sep;15(9):1045-8. 

White W. E. et al. A cardiovascular safety study of Libi Gel (testosterone gel) in postmenopausal women with elevated cardiovascular risk and hypoactive sexual desire disorder. American Heart Journal. 2012 January. Vol 163, number 1.

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